"Sanções vão em breve aumentar, substancialmente". O aviso foi feito esta quarta-feira no Twitter pelo presidente dos EUA, Donald Trump, depois de acusar o Irão de estar "a enriquecer urânio secretamente" em "total violação do terrível acordo de 150 mil milhões de dólares feito por John Kerry e a administração Obama"..Mas não têm sido um segredo as intenções de Teerão, que confirmou no fim de semana que vai colocar em prática o enriquecimento de urânio a um nível proibido pelo acordo nuclear assinado em 2015. Trump relembrou que o pacto internacional vai "expirar em poucos anos"..A promessa de novas sanções de Trump constituem mais um episódio no clima de tensão entre os dois países, que já antes tinham estado envolvidos numa guerra de acusações relacionada com o ataque de dois petroleiros no golfo de Omã..Numa resposta à decisão do chefe de Estado norte-americano de sair unilateralmente do acordo internacional, em 2018, e de retomar as sanções contra Teerão, o presidente do Irão, Hassan Rouhani, já tinha ameaçado aumentar os níveis de urânio caso a Europa não apresentasse uma nova proposta. No fim de semana, o país confirmou que vai levar a cabo o enriquecimento de urânio a um nível proibido pelo acordo sobre energia nuclear, ou seja a uma taxa superior a 3,67%. ."É melhor terem cuidado", avisou Donald Trump em resposta à declaração de Teerão..Já em maio, Rouhani tinha dado às potenciais mundiais 60 dias para se negociar um novo acordo e anunciou a redução de compromissos que tinham sido estabelecidos no pacto internacional, alcançado em 2015. O acordo de Viena foi concluído entre o Irão e o grupo dos seis (China, EUA, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha), após 12 anos de crise à volta do programa nuclear iraniano..Irão não tem "nada a esconder".Por outro lado, no dia 1 de julho, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) confirmou que o Irão aumentou os limites de urânio..Perante este cenário, os países da União Europeia, que fazem parte do acordo nuclear, estão a discutir a realização de uma reunião de emergência. França, Reino Unido e Alemanha manifestaram-se preocupados com os últimos desenvolvimentos, sobretudo com a promessa de Teerão em aumentar o nível de urânio enriquecido.."Extremamente preocupado", o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Heiko Mass, pediu ao Irão que "pare e reverta todas as atividades inconsistentes com os seus compromissos"..Já o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido afirmou que o país continua a considerar o acordo válido, mas, tal como a Alemanha, fez um apelo a Teerão. "O Irão violou os termos do acordo internacional [sobre energia nuclear no Irão] de 2015. Como o Reino Unido continua totalmente comprometido com o acordo, o Irão deve parar imediatamente e cancelar todas as atividades contrárias às suas obrigações"..Depois da ameaça de novas sanções dos EUA, o Irão respondeu através do seu embaixador na AIEA. Kazim Gharib Abadi afirmou que todas as atividades nucleares de Teerão estão a ser monitorizadas pelos inspetores da AIEA. "Não temos nada a esconder", afirmou..Com Lusa e Reuters