Depois de em março se ter declarado presidente em tempo de guerra na luta contra a pandemia do coronavírus, Trump aplicou desta vez uma postura militar no combate aos protestos que decorreram em todos os estados do país. Uma tática que lhe valeu críticas de ex-generais (e de alguns republicanos) e uma crise com o atual secretário da Defesa, que pode estar com os dias contados no Pentágono..Na quarta-feira, Donald Trump também voltou a ser alvo do sarcasmo de muitos nas redes sociais pelo facto de à volta da Casa Branca estar a ser colocada mais uma vedação. "Trump começou o seu mandato a prometer construir um muro para proteger os Estados Unidos do mundo. Termina a construir um muro para se proteger dos americanos", escreveu o jornalista do New York Times Nick Confessore..Outros voltavam a classificar o presidente de cobarde por se entrincheirar na Casa Branca..Segundo funcionários da Casa Branca, Trump tinha ficado furioso com as imagens dos fogos ateados nas imediações da casa presidencial, a qual estava às escuras. Também ficou irritado por ter sido noticiado que na sexta-feira foi levado para o bunker da Casa Branca. Em resposta à imagem de fraqueza, Trump aumentou o tom autoritário e quis mostrar-se no espaço onde antes estavam os manifestantes..Na segunda-feira, ameaçou invocar a Lei da Insurreição, o que teria como consequência o destacamento das forças armadas em solo americano, ainda que contra a vontade dos governadores de cada estado. Esta ameaça surgiu após ter advertido os governadores de que a fraqueza face aos protestos marcados por pilhagens e fogo posto os faria "parecer um bando de paspalhos"..Em vez de falar sobre o assunto que levou os manifestantes às ruas, o racismo e a violência da polícia em especial contra os afro-americanos, Trump referiu-se ao tumulto de uma minoria, por vezes infiltrada por elementos da extrema-direita, que apelidou de "terror doméstico"..Então totalmente alinhado com Trump, o secretário da Defesa Mark Esper fez eco dessa abordagem, tendo aconselhado os governadores a "dominarem o espaço de batalha"..O chefe do Estado-Maior general Mark Milley apareceu na Casa Branca de uniforme camuflado. Os helicópteros militares pairaram em voo baixo sobre os manifestantes nas ruas de Washington enquanto um conjunto de diferentes unidades de forças de segurança (algumas não identificadas, o que levou à especulação se seriam mercenários da Blackwater) destacadas para a cidade..Em consequência desta linguagem autoritária, um gesto de violência desproporcionada: a polícia agrediu com balas de borracha, gás lacrimogéneo e bastonadas os manifestantes pacíficos (e os jornalistas e os padres da igreja de São João, para onde Trump se dirigiu) junto à Casa Branca, para que Trump pudesse atravessar a Praça Lafayette e brandir uma Bíblia em frente das câmaras.."Nem sequer finge tentar".Depois das críticas dos democratas e dos líderes religiosos ao sucedido, dois militares que trabalharam com Trump juntaram-se ao coro. Mas o peso das suas objeções, quando o Partido Republicano, se mantém entre o silêncio cúmplice ou em apoio ao presidente, têm outro peso. Em especial, as críticas de James Mattis, porque o antigo líder do Pentágono havia prometido não fazer comentários políticos; já o antigo chefe de gabinete John Allen, ainda em funções, foi noticiado que chamava Trump de "idiota"..Em artigo na The Atlantic (revista sobre a qual Trump se regozijou por estar em dificuldades e ter recorrido ao lay off) Jim Mattis lançou uma crítica ao seu antigo chefe, acusando-o de tentar "dividir" a América e de não conseguir desempenhar uma "liderança madura" enquanto o país vive em protestos.."Donald Trump é o primeiro presidente na minha vida que não tenta unir o povo americano - nem sequer finge tentar. Em vez disso, tenta dividir-nos", disse o general reformado da Marinha, que se demitiu em dezembro de 2018 por Trump ter ordenado a retirada total das tropas da Síria, sem ter ouvido ninguém..Mattis também manifestou apoio aos manifestantes e mostrou-se "revoltado e chocado" depois de ter testemunhado os acontecimentos da semana passada, originados pela morte de George Floyd, um homem negro sufocado por um polícia branco durante vários minutos. e a resposta do presidente em ameaçar com uma repressão militar contra cidadãos norte-americanos que se revoltaram nas ruas de várias cidades."Estamos a testemunhar as consequências de três anos sem uma liderança madura", afirmou.."Temos de rejeitar qualquer pensamento de que as nossas cidades sejam 'espaço de batalha' que os nossos militares uniformizados são chamados a 'dominar'", escreveu Mattis, referindo-se às frases de Esper e de Trump. "Militarizar a nossa resposta, como testemunhámos em Washington, D.C., cria um conflito - um falso conflito - entre a sociedade militar e a sociedade civil"..Trump respondeu no Twitter chamando Mattis do "general mais sobrevalorizado do mundo", tendo acrescentado: "Não gostei do seu estilo de 'liderança' ou de muito mais sobre ele, e muitos outros concordam, Ainda bem que ele se foi!".Alegou ter demitido Mattis, embora tenha sido este a bater com a porta. "O presidente esqueceu-se claramente como é que as coisas aconteceram de factou ou está baralhado", comentou ao Washington Post John Allen, então chefe de gabinete de Trump..Outro militar reformado da Marinha, o general de quatro estrelas John Allen, afirmou que os acontecimentos de segunda-feira "podem muito bem assinalar o início do fim da experiência americana"..Ao escrever na Foreign Policy, Allen instou as pessoas a votarem em novembro a favor do futuro da democracia americana. "Terá de vir da base para o topo". Porque na Casa Branca não há ninguém.".Allen criticou especificamente esta administração por identificarem o antifa - um movimento sem líderes que é, por definição, antifascista - como um grupo terrorista, ignorando ao mesmo tempo os supremacistas brancos.."Muito mais danos para os Estados Unidos vieram destes terroristas-fascistas, dos Ku Klux Klan e neonazis, todos eles se sentindo hoje em dia com mais poderes do que aqueles que se lhes opuseram", escreveu Allen num texto chamado Um momento de vergonha e de perigo nacional..Também o major-general do Exército Thomas Carden mostrou-se preocupado com a utilização de tropas no país. "Penso que nós, na América, não nos devemos habituar ou aceitar que soldados de qualquer ramo tenham de ser colocados numa posição em que tenham de proteger as pessoas dentro dos Estados Unidos da América", disse Carden, general-adjunto da Guarda Nacional do estado da Geórgia"..À CNN alguns funcionários do Pentágono mostraram-se "profundamente preocupados", tendo argumentado que a situação não exige o destacamento de tropas, a menos que os governadores apresentem um argumento claro de que tais forças são necessárias.."Há um desejo intenso de que a polícia local esteja no comando", disse um funcionário da Defesa, aludindo às leis que proíbem os militares de desempenharem funções de manutenção da ordem nos Estados Unidos da América..Esper na corda bamba. Depois de ter alinhado com o discurso bélico de Trump, e de ter recebido críticas, em especial por ter acompanhado Trump na caminhada até à igreja episcopal de São João, o secretário da Defesa mudou de tom. Mark Esper disse que não sabia que tudo se resumiria a uma "operação fotográfica" e que ignorava igualmente a violência policial..Esper entrou em confronto com Trump ao dizer que discorda da invocação da Lei da Insurreição, tendo argumentado que a lei datada de 1807 deveria ser utilizada "apenas nas situações mais prementes e terríveis". E acrescentou: "Agora não estamos numa dessas situações"..Depois, deu ordens para 1 300 militares que haviam sido chamados de bases militares de fora da capital para regressarem às casernas. Mas depois de Esper ter visitado a Casa Branca, o Pentágono anulou a decisão, sinal de desacordo entre a Casa Branca o secretário da Defesa..Esta alteração de planos deixa transparecer que Trump quer manter no ar a hipótese de invocar a lei. À Associated Press funcionários da Casa Branca disseram que o presidente estava incomodado por a declaração de Esper transmitir "fraqueza"..A porta-voz da Casa Branca, Kayleigh McEnany, afirmou que o presidente continua aberto à ideia de destacar tropas, apesar dos comentários de Esper: "Se necessário, ele vai usá-lo", disse aos jornalistas..Questionado se Trump ainda tinha confiança no chefe do Pentágono, McEnany disse o suficiente para se perceber tudo: "De momento, o secretário Esper ainda é o secretário Esper, e se o presidente perder a confiança, todos nós saberemos disso no futuro...Quem bateu com a porta foi James Miller Jr., conselheiro do Departamento de Defesa, ex-subsecretário de Estado. "Pode não ter conseguido impedir o Presidente Trump de dirigir este terrível uso da força, mas podia ter optado por se opor", escreveu Miller a Esper na sua carta de demissão, citada pelo The Washington Post. "Em vez disso, você. apoiou-o visivelmente."
Depois de em março se ter declarado presidente em tempo de guerra na luta contra a pandemia do coronavírus, Trump aplicou desta vez uma postura militar no combate aos protestos que decorreram em todos os estados do país. Uma tática que lhe valeu críticas de ex-generais (e de alguns republicanos) e uma crise com o atual secretário da Defesa, que pode estar com os dias contados no Pentágono..Na quarta-feira, Donald Trump também voltou a ser alvo do sarcasmo de muitos nas redes sociais pelo facto de à volta da Casa Branca estar a ser colocada mais uma vedação. "Trump começou o seu mandato a prometer construir um muro para proteger os Estados Unidos do mundo. Termina a construir um muro para se proteger dos americanos", escreveu o jornalista do New York Times Nick Confessore..Outros voltavam a classificar o presidente de cobarde por se entrincheirar na Casa Branca..Segundo funcionários da Casa Branca, Trump tinha ficado furioso com as imagens dos fogos ateados nas imediações da casa presidencial, a qual estava às escuras. Também ficou irritado por ter sido noticiado que na sexta-feira foi levado para o bunker da Casa Branca. Em resposta à imagem de fraqueza, Trump aumentou o tom autoritário e quis mostrar-se no espaço onde antes estavam os manifestantes..Na segunda-feira, ameaçou invocar a Lei da Insurreição, o que teria como consequência o destacamento das forças armadas em solo americano, ainda que contra a vontade dos governadores de cada estado. Esta ameaça surgiu após ter advertido os governadores de que a fraqueza face aos protestos marcados por pilhagens e fogo posto os faria "parecer um bando de paspalhos"..Em vez de falar sobre o assunto que levou os manifestantes às ruas, o racismo e a violência da polícia em especial contra os afro-americanos, Trump referiu-se ao tumulto de uma minoria, por vezes infiltrada por elementos da extrema-direita, que apelidou de "terror doméstico"..Então totalmente alinhado com Trump, o secretário da Defesa Mark Esper fez eco dessa abordagem, tendo aconselhado os governadores a "dominarem o espaço de batalha"..O chefe do Estado-Maior general Mark Milley apareceu na Casa Branca de uniforme camuflado. Os helicópteros militares pairaram em voo baixo sobre os manifestantes nas ruas de Washington enquanto um conjunto de diferentes unidades de forças de segurança (algumas não identificadas, o que levou à especulação se seriam mercenários da Blackwater) destacadas para a cidade..Em consequência desta linguagem autoritária, um gesto de violência desproporcionada: a polícia agrediu com balas de borracha, gás lacrimogéneo e bastonadas os manifestantes pacíficos (e os jornalistas e os padres da igreja de São João, para onde Trump se dirigiu) junto à Casa Branca, para que Trump pudesse atravessar a Praça Lafayette e brandir uma Bíblia em frente das câmaras.."Nem sequer finge tentar".Depois das críticas dos democratas e dos líderes religiosos ao sucedido, dois militares que trabalharam com Trump juntaram-se ao coro. Mas o peso das suas objeções, quando o Partido Republicano, se mantém entre o silêncio cúmplice ou em apoio ao presidente, têm outro peso. Em especial, as críticas de James Mattis, porque o antigo líder do Pentágono havia prometido não fazer comentários políticos; já o antigo chefe de gabinete John Allen, ainda em funções, foi noticiado que chamava Trump de "idiota"..Em artigo na The Atlantic (revista sobre a qual Trump se regozijou por estar em dificuldades e ter recorrido ao lay off) Jim Mattis lançou uma crítica ao seu antigo chefe, acusando-o de tentar "dividir" a América e de não conseguir desempenhar uma "liderança madura" enquanto o país vive em protestos.."Donald Trump é o primeiro presidente na minha vida que não tenta unir o povo americano - nem sequer finge tentar. Em vez disso, tenta dividir-nos", disse o general reformado da Marinha, que se demitiu em dezembro de 2018 por Trump ter ordenado a retirada total das tropas da Síria, sem ter ouvido ninguém..Mattis também manifestou apoio aos manifestantes e mostrou-se "revoltado e chocado" depois de ter testemunhado os acontecimentos da semana passada, originados pela morte de George Floyd, um homem negro sufocado por um polícia branco durante vários minutos. e a resposta do presidente em ameaçar com uma repressão militar contra cidadãos norte-americanos que se revoltaram nas ruas de várias cidades."Estamos a testemunhar as consequências de três anos sem uma liderança madura", afirmou.."Temos de rejeitar qualquer pensamento de que as nossas cidades sejam 'espaço de batalha' que os nossos militares uniformizados são chamados a 'dominar'", escreveu Mattis, referindo-se às frases de Esper e de Trump. "Militarizar a nossa resposta, como testemunhámos em Washington, D.C., cria um conflito - um falso conflito - entre a sociedade militar e a sociedade civil"..Trump respondeu no Twitter chamando Mattis do "general mais sobrevalorizado do mundo", tendo acrescentado: "Não gostei do seu estilo de 'liderança' ou de muito mais sobre ele, e muitos outros concordam, Ainda bem que ele se foi!".Alegou ter demitido Mattis, embora tenha sido este a bater com a porta. "O presidente esqueceu-se claramente como é que as coisas aconteceram de factou ou está baralhado", comentou ao Washington Post John Allen, então chefe de gabinete de Trump..Outro militar reformado da Marinha, o general de quatro estrelas John Allen, afirmou que os acontecimentos de segunda-feira "podem muito bem assinalar o início do fim da experiência americana"..Ao escrever na Foreign Policy, Allen instou as pessoas a votarem em novembro a favor do futuro da democracia americana. "Terá de vir da base para o topo". Porque na Casa Branca não há ninguém.".Allen criticou especificamente esta administração por identificarem o antifa - um movimento sem líderes que é, por definição, antifascista - como um grupo terrorista, ignorando ao mesmo tempo os supremacistas brancos.."Muito mais danos para os Estados Unidos vieram destes terroristas-fascistas, dos Ku Klux Klan e neonazis, todos eles se sentindo hoje em dia com mais poderes do que aqueles que se lhes opuseram", escreveu Allen num texto chamado Um momento de vergonha e de perigo nacional..Também o major-general do Exército Thomas Carden mostrou-se preocupado com a utilização de tropas no país. "Penso que nós, na América, não nos devemos habituar ou aceitar que soldados de qualquer ramo tenham de ser colocados numa posição em que tenham de proteger as pessoas dentro dos Estados Unidos da América", disse Carden, general-adjunto da Guarda Nacional do estado da Geórgia"..À CNN alguns funcionários do Pentágono mostraram-se "profundamente preocupados", tendo argumentado que a situação não exige o destacamento de tropas, a menos que os governadores apresentem um argumento claro de que tais forças são necessárias.."Há um desejo intenso de que a polícia local esteja no comando", disse um funcionário da Defesa, aludindo às leis que proíbem os militares de desempenharem funções de manutenção da ordem nos Estados Unidos da América..Esper na corda bamba. Depois de ter alinhado com o discurso bélico de Trump, e de ter recebido críticas, em especial por ter acompanhado Trump na caminhada até à igreja episcopal de São João, o secretário da Defesa mudou de tom. Mark Esper disse que não sabia que tudo se resumiria a uma "operação fotográfica" e que ignorava igualmente a violência policial..Esper entrou em confronto com Trump ao dizer que discorda da invocação da Lei da Insurreição, tendo argumentado que a lei datada de 1807 deveria ser utilizada "apenas nas situações mais prementes e terríveis". E acrescentou: "Agora não estamos numa dessas situações"..Depois, deu ordens para 1 300 militares que haviam sido chamados de bases militares de fora da capital para regressarem às casernas. Mas depois de Esper ter visitado a Casa Branca, o Pentágono anulou a decisão, sinal de desacordo entre a Casa Branca o secretário da Defesa..Esta alteração de planos deixa transparecer que Trump quer manter no ar a hipótese de invocar a lei. À Associated Press funcionários da Casa Branca disseram que o presidente estava incomodado por a declaração de Esper transmitir "fraqueza"..A porta-voz da Casa Branca, Kayleigh McEnany, afirmou que o presidente continua aberto à ideia de destacar tropas, apesar dos comentários de Esper: "Se necessário, ele vai usá-lo", disse aos jornalistas..Questionado se Trump ainda tinha confiança no chefe do Pentágono, McEnany disse o suficiente para se perceber tudo: "De momento, o secretário Esper ainda é o secretário Esper, e se o presidente perder a confiança, todos nós saberemos disso no futuro...Quem bateu com a porta foi James Miller Jr., conselheiro do Departamento de Defesa, ex-subsecretário de Estado. "Pode não ter conseguido impedir o Presidente Trump de dirigir este terrível uso da força, mas podia ter optado por se opor", escreveu Miller a Esper na sua carta de demissão, citada pelo The Washington Post. "Em vez disso, você. apoiou-o visivelmente."