Trump diz que "anos de decadência terminaram". Pelosi rasga discurso
O presidente dos Estados Unidos afirmou, no seu terceiro discurso sobre o Estado da União e último do primeiro mandato, que "anos de decadência económica terminaram".
"Os anos de decadência económica terminaram. Os dias daqueles que usavam o nosso país, aproveitavam-se dele, estando até desacreditado junto de outras nações, ficaram para trás", declarou Donald Trump, na terça-feira à noite (madrugada desta quarta-feira em Lisboa), num discurso recheado de críticas à administração de Barack Obama (2009-2017), que não mencionou, e que deixou entusiasmados republicanos, mas não democratas.
Mal Trump acabou de falar sobre o Estado da União, a presidente da Câmara dos Representantes rasgou a cópia do discurso do presidente. Um "manifesto de inverdades", escreveu Nancy Pelosi no Twitter.
À saída do Congresso, onde decorreu a sessão, Pelosi disse a um jornalista que aquele era o gesto "mais cortês, em relação às alternativas".
A Casa Branca já lamentou que Pelosi tenha simbolicamente "rasgado" um veterano da Segunda Guerra Mundial, um bebé prematuro nascido às 21 semanas de gravidez, ou ainda a família de Kayla Mueller, morta pelos fundamentalistas do grupo extremista Estado Islâmico na Síria e outros convidados que se encontravam no Congresso e que Trump citou no discurso do Estado da Nação.
A tensão entre a líder dos democratas na Câmara dos Representantes - terceira figura do Estado americano, depois do presidente e vice-presidente - e Donald Trump era evidente desde o início quando Pelosi estendeu a mão para cumprimentar o chefe de Estado, mas este não correspondeu ao gesto.
Para Trump, se "as políticas económicas falidas do Governo anterior" não tivessem sido revertidas, "o mundo agora não estava a ver esse grande êxito económico", com criação de emprego, descida de impostos e de luta "por acordos comerciais justos e recíprocos".
"A nossa agenda é implacavelmente pró-trabalhadores, pró-família, pró-crescimento e, sobretudo, pró-Estados Unidos", sublinhou o chefe de Estado norte-americano, acrescentando ter dado início, há três anos, "ao grande regresso" do país.
"Inacreditavelmente, a taxa média de desemprego durante o meu Governo é menor do que durante qualquer outra administração na história do nosso país", afirmou Trump.
Sobre o comércio, um dos pilares da administração Trump, o Presidente dos Estados Unidos afirmou ter prometido aos cidadãos norte-americanos que ia impor "taxas alfandegárias à China para resolver o roubo maciço de empregos", proclamando: "A nossa estratégia funcionou".
Depois de quase 18 meses de "guerra" comercial, Trump assinou em dezembro uma trégua parcial com Pequim.
O presidente norte-americano falou ainda da substituição do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA, na sigla em inglês), assinado com o México e o Canadá durante a presidência de Bill Clinton, pelo renegociado T-MEC.
"Muitos políticos vieram e foram com a promessa de mudar ou substituir o NAFTA, mas no fim não fizeram absolutamente nada.Ao contrário de muitos outros antes de mim, eu cumpro as minhas promessas", destacou.
No seu terceiro discurso anual do Estado da Nação, Trump anunciou que no início do próximo ano o muro na fronteira com o México terá mais de 800 quilómetros construídos.
Já foram concluídos mais de 165 quilómetros de muro e "haverá mais" 805 quilómetros construídos "no início do próximo ano", declarou Donald Trump sobre o projeto de combate à entrada de imigrantes ilegais pela fronteira sul dos Estados Unidos.
Por outro lado, o chefe de Estado norte-americano disse apoiar "as esperanças" de cubanos, nicaraguenses e venezuelanos "para restaurar a democracia" nos seus países.
"À medida que restauramos a liderança dos Estados Unidos no mundo, continuamos a apoiar a liberdade no nosso hemisfério. É por isso que o meu governo revogou as políticas falidas da administração anterior sobre Cuba. Estamos a apoiar as esperanças de cubanos, nicaraguenses e venezuelanos para restaurar a democracia", sublinhou.
No mesmo discurso, Trump aproveitou para prestar homenagem ao líder opositor da Venezuela Juan Guaidó, presente no Capitólio, prometendo "esmagar a tirania" do regime de Nicolás Maduro.
"Maduro é um dirigente ilegítimo, um tirano que trata o seu povo com brutalidade. Mas o seu mandato de tirania será esmagado e destruído", declarou.
"Connosco na galeria está o presidente legítimo da Venezuela Juan Guaidó. Todos os norte-americanos estão unidos com o povo venezuelano na justa luta pela liberdade", declarou.
Este ano a resposta oficial do Partido Democrata ao discurso do Estado da União coube à governadora do Michigan Gretchen Whitmer. Um trabalho especialmente ingrato depois de um discurso pouco tradicional. "Os democratas estão a tentar melhorar os vossos cuidados de saúde. Os republicanos em Washington estão a tentar tirá-los", afirmou a governadora.
"Os trabalhadores americanos estão a sofrer. Os salários estagnaram, enquanto os ordenados dos CEO dispararam", afirmou Whitmer.
E tal como o presidente, a governadora não deixou de abordar o impeachment, que é hoje votado no Senado. "A verdade importa. Os factos importam. E ninguém devia estar acima da lei. Não é o que os senadores vão dizer que importa é o que eles fazem", afirmou.