Trump alimenta a dúvida sobre se irá participar em debates presidenciais
O Presidente dos EUA, Donald Trump, está disponível para participar em pelo menos três debates na campanha para as eleições presidenciais de 2020, contra qualquer candidato democrata. No entanto, critica a comissão organizadora e diz que tomará a decisão final no momento certo, já que, afirma o presidente norte-americano, "há outras opções" para debates que não passam pelo comissão.
"Estou ansioso para debater com quem quer que seja o sortudo que tropece na linha de chegada dos pouco assistidos debates dos democratas que nada fazem", escreveu Trump na sua conta pessoal da rede social Twitter, aparentemente desmentindo informações divulgadas pelo jornal The New York Times que noticiara que o Presidente pretendia ignorar os debates marcados para a campanha das próximas presidenciais.
Para a campanha eleitoral de 2020, a Comissão de Debates Presidenciais agendou três debates presidenciais e um debate vice-presidencial.
Contudo, nesta segunda-feira, Donald Trump deixa ainda dúvidas sobre a sua participação ao escrever várias críticas à comissão que organiza os debates. Disse mesmo que a Comissão de Debates Presidenciais dos EUA é formada por "haters" [detratores] da sua presidência.
Numa série de tweets, Trump diz que "como presidente", o debate está aberto, mas que existem "outras opções" que não passam pela Comissão "tendenciosa" e alertou que esta "não está autorizada" a falar por ele. Diz que há outras opções para debates que podem não passar pela organização da comissão e que no momento certo irá anunciar a sua decisão.
O tweet de Donald Trump acontece depois de o New York Times ter noticiado que Trump estava a pensar faltar aos debates, porque não confia na Comissão de Debates Presidenciais, a entidade sem fins lucrativos que patrocina as discussões públicas da campanha.
Nos debates para as eleições gerais de 2016, Donald Trump queixou-se várias vezes de estar em desvantagem em relação a Hillary Clinton, a candidata democrata. Trump culpou ainda um "microfone defeituoso" durante um debate - voltou a lembrar o episódio agora - e questionou se não teria sido uma avaria "propositada" para deixá-lo em desvantagem.
Esta é a semana que poderá vir a ficar na história dos EUA, uma vez que a Câmara dos Representantes deverá votar pelo impeachment de Donald Trump esta quarta-feira. Se acontecer, Trump será o terceiro presidente norte-americano a ser alvo desta medida, juntamente com Andrew Johnson e Bill Clinton.
A Comissão Judicial da Câmara dos Representantes divulgou esta segunda-feira de manhã o seu relatório sobre os dois artigos que estão na base do impeachment a Donald Trump - abuso de poder e obstrução do Congresso. No relatório de 658 páginas, Trump é acusado de suborno constitucional e criminal, por ter tentado pressionar a Ucrânia a investigar Joe Biden e as eleições de 2016, quando a ajuda militar ao país foi suspensa.
O processo de destituição movido pelos democratas contra Trump tem como base a pressão que alegadamente terá exercido sobre o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky para este investigar os negócios de Hunter Biden, o filho de Joe Biden, suspeito de corrupção naquele país. Ora, o ex-vice-presidente de Barack Obama é um dos favoritos à nomeação democrata para as presidenciais de novembro de 2020 - ou seja, um dos potenciais rivais de Trump nesse escrutínio. Foram as conversas telefónicas entre Trump e Zelensky que justificaram a acusação de abuso de poder movida pelos democratas contra o presidente americano. A recusa da Casa Branca em colaborar com a investigação está por detrás do artigo de acusação por obstrução ao Congresso.
A Constituição dos EUA prevê a figura do impeachment em caso de traição, suborno ou outro "crime grave".
Neste momento os democratas liderados pelo presidente da Comissão Judicial da Câmara, Jerry Nadler, redigiram e aprovaram na Comissão Judicial dois artigos de impeachment contra Trump. A verdade é que a aprovação a este nível estava quase garantida, uma vez que os democratas estão ali em maioria - 24 contra 17 republicanos. O mesmo acontece no plenário da Câmara, onde os democratas recuperaram a maioria nas eleições intercalares de novembro de 2018. Neste momento, dos 435 congressistas 233 são democratas, 197 são republicanos. Há um independente e quatro lugares vagos.
Por isso, apesar de alguns democratas que em novembro vão a votos em distritos que oscilam entre os dois partidos estarem hesitantes em apoiar o impeachment, ainda existe uma maioria forte no plenário para levar o processo à fase seguinte: o julgamento no Senado.