Tropas americanas estão a funcionar a antidepressivos
Investigação. Revista 'Time' denuncia situação no Iraque e Afeganistão
Longas comissões estão a influenciar comportamento e estado de espírito de militares
Está a aumentar o recurso a antidepressivos e anti-ansiolíticos entre os militares americanos estacionados no Iraque e no Afeganistão. A revelação é feita no número da revista Time desta semana.
O uso em quantidades galopantes de antidepressivos deve-se à necessidade de "acalmar os nervos e a tensão acumulada por várias e cada vez mais longas comissões de serviço" naqueles dois teatros, escreve a revista, que procedeu a uma grande investigação do tema.
Embora exista alguma correspondência entre o nível de consumo deste tipo de medicamentos no meio militar e entre a população em geral, a Time define como preocupante o facto destes níveis de consumo se verificarem "entre pessoas jovens e saudáveis", que foram sujeitas a todo um conjunto de testes "para determinarem a sua propensão para desequilíbrios e outros problemas mentais antes de se alistarem".
Médicos ouvidos pela revista afirmam que o recurso a antidepressivos e anti-ansiolíticos é uma estratégia para economizar verbas, não aplicando outras formas de tratamento mais dispendiosas e complexas.
Segundo números não oficiais, citados pela Time, 12% dos efectivos no Iraque e 17% no Afeganistão estão a receber aquele tipo de medicação, muitas vezes acompanhada por comprimidos para induzir o sono.
O aumento do uso deste tipo de medicamentos indica a existência de uma situação de tensão de longa duração, que é gerida em termos psicológicos de forma mais débil por militares com pouca formação e treino inadequado para as situações de combate. De facto, a maioria dos soldados nas duas frentes de combate - que colocam problemas tácticos complexos e grandes desafios psicológicos - é bastante jovem e sai directamente da formação para o terreno.
Um estudo do Pentágono, citado na Time, indica que do total de efectivos sujeito ao stress do combate, 70% recupera sem dificuldades; 20% irá sofrer stress transitório e 10% será afectado por problemas crónicos.
Uma forma de reduzir estes riscos é a possibilidade dos militares passaram largos períodos fora do teatro de operações -e isso não está a suceder no Iraque nem no Afeganistão, conclui a Time. - A.C.M.