Tribunal prolongou por duas semanas prisão de Musharraf
"O tribunal decretou prisão preventiva de duas semanas", disse Muhammad Amjad, porta-voz da Liga de Todos os Muçulmanos do Paquistão, partido de Musharraf.
"Os nossos advogados desmentiram as alegações segundo as quais o general Musharraf deteve os juízes e os manteve em residência vigiada com as suas famílias durante seis meses. É totalmente falso", acrescentou.
Fonte próxima do ex-presidente paquistanês, que está preso desde sexta-feira, explicou que Musharraf compareceu hoje perante um tribunal antiterrorista de Rawalpindi, próximo de Islamabad, onde o aguardava uma manifestação de advogados.
Os advogados hoje presentes em frente ao tribunal querem que o antigo presidente seja julgado por traição, crime punível com a morte ou prisão perpétua.
Após a presença em tribunal, Musharraff regressou às instalações da Polícia de Islamabad, onde estava detido desde sexta-feira, depois de um juíz ter ordenado a sua prisão preventiva pela detenção ilegal de 60 juízes em 2007.
"O tribunal disse que deve voltar dentro de 14 dias. Isso não significa que tenha que permanecer esse tempo preso, mas que deve estar num lugar seguro. Poderá ser inclusive a sua residência", explicou Rashid Qureshi, um porta-voz de Musharraf.
Segundo a mesma fonte, os representantes legais de Musharraf irão solicitar "nas próximas horas" ao Tribunal Supremo a liberdade sob fiança do detido, uma medida de que beneficiou até sexta-feira.
Qureshi acrescentou que o ex-presidente "está dececionado" com "o sistema de justiça do Paquistão", mas sublinhou que Musharraf "é uma pessoa forte" e está convencido que não fez "nada de mal".
Antigo chefe das forças armadas paquistanesas Musharraf chegou ao poder através de um golpe de estado em 1999 e demitiu-se em 2008, tendo deixado o país.
Depois de quatro anos a residir no Reino Unido e no Dubai, regressou recentemente ao Paquistão para participar nas eleições legislativas de 11 de maio.
O antigo presidente paquistanês enfrenta ainda acusações de conspiração para matar a antiga primeira-ministra paquistanesa e então líder da oposição, Benazir Bhutto, em 2007, e de ter morto um dos chefes dos rebeldes da província do Baluchistão durante uma operação militar em 2006.
Os apoiantes de Musharraff sustentam que a detenção não é mais do que um ajuste de contas por ter demitido os juízes há seis anos.
Na quinta-feira, o juiz Shaukat Aziz Siddiqui acrescentou o terrorismo à lista de acusações, acusando-o de disseminar "o medo na sociedade, a insegurança e o alarme entre os oficiais da justiça e a comunidade de advogados e o terror em todo o Paquistão".