"Um homem que mergulha no horror não está necessariamente atingido de loucura", afirmou a acusação no processo contra Nicolas Cocaign, o recluso francês que ficou conhecido como o Canibal de Rouen depois de ter matado e comido pulmão do companheiro de cela. O argumento parece ter convencido um tribunal daquela cidade francesa, que condenou Cocaign a 30 anos de prisão, ignorando as alegações da defesa, segundo a qual o seu cliente tinha "irresponsabilidade penal". ."Matou porque é louco, completamente louco", afirmara o advogado Fabien Picchiottino. Este admitiu que os factos eram "horríveis, monstruosos e detestáveis", mas acrescentou que "desde o século das Luzes que não se julgam os loucos". Para Picchiottino, este caso revela "o fracasso do sistema judicial" que põe em causa a psiquiatria. E sublinhou que tanto Cocaign como os pais adoptivos várias vezes haviam alertado para o perigo que ele representava. .Apesar dos argumentos da defesa, a acusação insistiu na opinião dos peritos, segundo os quais no momento do crime Cocaign tinha o discernimento "alterado" mas não "abolido". A procuradora sublinhou bem a ideia ao reafirmar que os problemas psicológicos do arguido não o ilibavam. .Baixinho e franzino, de cabelos curtos e tatuagem no rosto, Cocaign nunca escondeu a sua história. Abandonado à nascença, foi adoptado aos três anos por um casal de Rouen. Mas cedo se revela uma criança problemática, que precisa de apoio psicológicos durante a infância e adolescência..Colocado em casas de acolhimento, acaba por mergulhar na delinquência. Preso por assaltos violentos e violação, este apaixonado por cavalos acaba na prisão de Rouen. É aí que, a 2 de Janeiro de 2007 cede a "um impulso de agressividade" e ataca o companheiro de cela, a murro e pontapé. Thierry Bandry não resiste aos golpes de tesoura e à asfixia com um saco do lixo. Cocaign usa ainda uma lâmina para abrir o peito do homem e cortar um pedaço de pulmão, que come cru, antes de cozinhar o resto com cebola.