Três mulheres dão vida a novas escolas em Moçambique

Com a Helpo, três portuguesas já conseguiram mais de 30 mil euros para escolas. Exposição de fotografias recolhe mais fundos
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Foi através de um programa de televisão que, em 2011, Paula Teixeira conheceu a Helpo e a sua missão de promover o desenvolvimento nos PALOP. Logo se envolveu. Apadrinhou uma criança moçambicana, oferecendo uma verba anual para a sua educação, e quando foi ao país africano conhecer a criança, regressou com ainda mais empenhamento. Recolheu 30 mil euros para a construção de uma escola e não ficará por aqui. As salas de aula em Teacane já estão a funcionar e as mais de 400 crianças que as frequentam são também protagonistas da exposição fotográfica Sonha, Vive, Sente, fotos que falam com o coração" que hoje é inaugurada no Porto.

A mostra é composta por 20 fotografias captadas por Ana Borges, que em outubro passado esteve em Moçambique com Paula Teixeira e Lina Gomes, três mulheres de Vila Real que abraçaram o projeto da organização não governamental que, desde 2008, tem atuado em Portugal, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau, para a promoção do desenvolvimento através da educação e da nutrição. As fotos estarão à venda e as receitas têm o destino natural de ajudar a criar melhores condições nos locais onde a Helpo trabalha.

"Já tinha apadrinhado uma criança em 2011 e quis ir conhecer a minha afilhada e a realidade em que ela vivia. E em 2013 estive lá, em Moçambique, com a Helpo. Foram duas semanas intensas, em que incorporei na equipa da Helpo, em ações de voluntariado nas aldeias, como distribuição de alimentos ou material escolar", contou ao DN Paula Teixeira, 41 anos.

Apadrinhar uma criança significa oferecer uma verba para a sua educação ou nutrição. "Pode ser mensal, trimestral ou anual. No meu caso é anual. Permite assegurar que a criança irá à escola e melhora assim a vida de toda a comunidade. Também trocamos cartas e posso enviar presentes, simbólicos", explicou a vila-realense que vive de uma empresa familiar de distribuição.

Em 2015, fez nova viagem à antiga colónia portuguesa e quando regressou vinha com uma ideia feita. "Vim com o objetivo de querer fazer mais, criar um projeto ainda mais desafiante, fazer uma escola. A Helpo deu um feedback positivo e avancei", diz Paula Teixeira, que juntou as amigas Lina Gomes e Ana Borges, fotógrafa, no projeto. A sua principal missão foi recolher donativos. Foi criada a página no Facebook Ajuda-Me a Construir Uma Escola em Moçambique e várias iniciativas foram nascendo. "Fizemos jantares e outros eventos para obter donativos." Em ano e meio foram recolhidos 30 mil euros. "As pessoas de Vila Real, e outras, deram uma ajuda muito grande."

Ver a realidade

O dinheiro foi investido em Teacane, Nampula, onde agora estudam 437 crianças. "Era o local onde existiam mais crianças a precisar de mais salas de aula." No dia 23 de outubro, Paula e as duas amigas foram a Teacane participar na inauguração dos novos espaços. "Elas também já são madrinhas e regressamos com novo projeto em mente. Fazer uma nova escola, sempre com a Helpo, em que as receitas desta exposição serão uma ajuda importante."

Paula Teixeira nunca tinha ido a Moçambique nem tinha qualquer ligação. "Quando fui lá pela primeira vi a realidade. Crianças a fazer sete e oito quilómetros a pé, descalças, para irem à escola. Tenho um filho que anda num colégio e pensei muito naqueles miúdos, no contraste tão grande existente", realça, convencida de que "é preciso chamar a atenção para estas realidades" e mostrar credibilidade: "Mostrar o que foi feito é essencial para que quem apoie sinta que está a ser bem empregue o dinheiro."

A exposição de 20 fotografias - que estarão à venda para recolha de fundos - é hoje inaugurada, às 16.00, no Descobertas Boutique Hotel, na Ribeiro do Porto, com a presença de António Perez Metelo, presidente da Helpo. Esta organização não governamental conta com 3500 padrinhos, com trabalho desenvolvido em Portugal, nas Fontainhas (Cascais), Moçambique, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau, neste dois últimos países mais virada para a área da nutrição.

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