Tratamento de cefaleias por cirurgia. Faculdade de Medicina da U. Porto reafirma eficácia e refuta SPC
A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto refutou esta sexta-feira, em comunicado, "de forma veemente" as afirmações da Sociedade Portuguesa de Cefaleias afirmando que "não há evidência científica que suporte o estudo da Universidade" que afirma que a cirurgia pode ser uma alternativa para o tratamento da cefaleia.
António Costa Ferreira, coordenador do estudo, reitera que a cirurgia é de facto uma alternativa e que "privar os doentes desta possibilidade é agir de forma contrária à ciência médica atual, o que é eticamente condenável".
A faculdade explica que o estudo se realizou por revisão bibliográfica sistemática, em que é reunida toda a informação que a ciência médica já produziu até ao momento sobre o tema. Refere ainda que os resultados são consistentes com os resultados de estudos idênticos.
"Identificamos 922 artigos, mas selecionamos apenas os que respeitaram critérios de qualidade elevada. Os 52 artigos foram selecionados por serem de elevada qualidade. No seu conjunto envolveram equipas de vários países (Estados Unidos da América, Países Baixos, Itália, Suíça, Áustria, Egito, Irão, India e Taiwan) e um total de 5426 doentes tratados cirurgicamente. Os 52 artigos foram publicados na sua grande maioria em revistas de muito elevada qualidade, isto é, 73% foram publicados em revista do Quartil 1 [o mais elevado]. A conclusão da revisão destes 52 artigos é que há evidência científica para afirmar que a cirurgia é eficaz e segura", descreve a universidade.
António Costa Ferreira esclarece ainda a afirmação de que os procedimentos mencionados não constam de nenhuma recomendação terapêutica, referindo que a American Society of Plastic Surgeons reconhece esta cirurgia como "um procedimento estandardizado para o tratamento da enxaqueca refratária ao tratamento médico, afirmando inequivocamente que não é um procedimento experimental".