Transgénicos são tão bons como os outros alimentos
Os alimentos geneticamente alterados são tão seguros como os que resultam de culturas tradicionais. Esta é a conclusão de um estudo da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, que tentou pôr fim ao longo debate sobre a segurança e os perigos dos transgénicos, alimentos que sofreram alteração genética, tanto para a saúde como para o ambiente.
O estudo, que tem como título de "Genetically Engineered Crops: Experiences and Prospects" ("Culturas Geneticamente Alteradas: Experiências e Perspetivas, em português), foi feito por 20 cientistas da companhia norte-americana, que reviram e analisaram 20 anos de documentos e relatórios sobre o tema. As conclusões que podem ser divididas em:
Saúde
Para acalmar os ânimos, a academia norte-americana afirma que "os estudos que foram feitos em animais e na composição química de culturas geneticamente alteradas não mostram diferenças entre os alimentos transgénicos e os convencionais". O consumo de transgénicos não implica "um maior risco para a saúde do que o consumo dos convencionais".
O argumento de que os transgénicos são prejudiciais à saúde tem sido o mais repetido pelos que rejeitam este tipo de alimentos. Os produtos têm sido associados ao surgimento de novas doenças ou ao aumento do número de casos de doenças já conhecidas.
Para isso contribuíram alguns estudos realizados no passado, como o estudo francês de 2012 que associou o milho transgénico ao aparecimento de tumores em rato. Após à publicação do estudo, a França pediu que fosse proibido importar milho transgénico para a União Europeia.
Em 2010, após o terramoto que devastou o Haiti, a população rejeitou a doação de sementes geneticamente alteradas pela Monsanto, uma empresa dos Estados Unidos, e chegou a queimar as sementes que chegaram ao país, por não confiarem na alteração genética e acharem que a importação de comida prejudicava a economia. Numa entrevista ao Huffington Post, Chavannes Jean-Baptiste, líder do Papaye Peasant Movement, um movimento que representa os camponeses haitianos, prometeu queimar os 60 mil sacos de sementes de milho e legumes geneticamente modificados que iriam serem doados ao país.
"Os dados disponíveis não mostram associações entre os alimentos geneticamente alterados e doenças ou distúrbios crónicos", continua o estudo americano, admitindo que não foi feita nenhuma investigação sobre os efeitos a longo prazo do consumo de transgénicos para a saúde.
Ambiente
Não foram encontradas provas de que o cultivo de transgénicos possa afetar as espécies selvagens ou que tenham um impacto negativo sobre o ambiente, afirma a Academia das Ciências, pois a relação causa-efeito não foi provada.
Por outro lado, o estudo afirma que este tipo de alimentos pode ser importante para criar culturas mais resistentes às alterações climáticas visíveis nos últimos tempos.
Agricultura
Em 19 países, os produtores de soja, milho e algodão aumentaram os seus lucros em 69%, porque ao aumentaram a produtividade e diminuíram os custos com pesticidas, segundo o estudo, que recomenda também ajudas para os pequenos e médios produtores.
Os transgénicos voltam assim a ser vistos como a possível solução para amenizar a falta de comida no mundo, ao permitir aumentar a produção num planeta onde há mais de 7 mil milhões de pessoas.
Veracidade questionada
A organização Food and Water Watch, supervisão da comida e da água, em português, publicou uma resposta ao estudo da academia ciências norte-americana, em que questiona a veracidade das conclusões.
No seu site, a organização rejeita os resultados do estudo e afirma que "as ligações (da academia) às empresas de tecnologia e outras corporações de agricultura são tais que criaram conflitos de interesse em todos os níveis da organização, o que reduz a independência e integridade do trabalho científico". A organização acusa a academia de ter recebido "milhões de dólares em financiamento" por parte de interessados no assunto, como a empresa Monsanto.
[artigo:4554258]