Transferências: mais lucrativos e maiores 'flops' da década

As contas feitas a partir do início da época 2006-07, tendo em consideração os valores que foram pagos pela contratação dos atletas e o que foi recebido pela sua futura transferência
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Os melhores negócios

Benfica

Ninguém se valorizou tanto na Luz, na última década, como Fábio Coentrão: contratado ao Rio Ave, por 900 mil euros, no verão de 2007 (como extremo esquerdo), foi vendido ao Real Madrid, por 30 milhões de euros, quatro anos depois (como um dos melhores laterais esquerdos mundiais). O defesa/médio português passou a valer 33 vezes mais. Entre as vendas milionárias do Benfica nos últimos dez anos, excluindo jogadores das escolas da Luz, destacam-se as que multiplicaram por dez o valor de mercado: David Luiz (comprado por 2,5 milhões, ao Vitória da Baía, em 2007, e vendido por 25, ao Chelsea, em 2011) e Jan Oblak (contratado por 1,7 milhões, ao Olimpija Ljubljana, em 2010, transferido por 16, para o Atlético de Madrid, em 2014).

Sporting

Excluindo os produtos das prolífica academia leonina, Marcos Rojo significou o mais avultado encaixe dos cofres do Sporting nos últimos dez anos. No entanto, o negócio da compra (quatro milhões de euros, ao Spartak Moscovo, em 2012) e venda do central argentino (20 milhões, ao Manchester United, em 2014) teve o envolvimento da Doyen, que acabou por reclamar a maior fatia desse lucro. Por isso, bem se pode dizer que o melhor negócio dos leões nos últimos anos foi a compra e venda de outro defesa bem menos mediático, mas que se valorizou ainda mais do que Rojo: Maurício. O central brasileiro foi comprado ao Sport Recife, no verão de 2013, por 450 mil euros, e vendido à Lazio, dois anos depois, por 2,65 milhões (quase seis vezes mais).

FC Porto

É provavelmente o melhor negócio da história do futebol português, a incrível ultravalorização de um jogador em tempo recorde: o FC Porto comprou Aly Cissokho, lateral esquerdo francês, em janeiro de 2009, ao Vitória de Setúbal, por 300 mil euros; e vendeu-o meio ano depois, ao Lyon, por 15 milhões de euros (já depois de o Milan ter desistido do negócio, por "problemas dentários"). O jogador rendeu 50 vezes mais do que tinha custado. Mas os dragões já estão habituados a comprar barato e vender caro: Hulk, Falcao, James, Danilo, Alex Sandro e Mangala, Jackson saíram todos por valores superiores a 20 milhões de euros e mais do dobro do que tinham custado. Fernando saiu por menos (15 milhões de euros, para o Manchester City, em 2014) mas isso foi 20 vezes mais do que o preço por que chegara, em 2007, do Vila Nova.

Os piores negócios

Benfica

Era uma grande promessa, formada no Real Madrid, mas passou de forma rápida e fugaz pelo Benfica: Javier Balboa foi uma real desilusão e significou provavelmente a pior relação custo-benefício no clube encarnado, nos últimos anos. O extremo da Guiné Equatorial chegou à Luz, em 2008, por quatro milhões de euros, mas nunca conseguiu afirmar-se: fez 17 jogos (zero golos) em 2008-09, foi emprestado nas duas épocas seguintes e no verão de 2011 desvinculou-se e seguiu a custo zero para o Beira-Mar. Nesse período, também os avançados Éder Luís (quatro milhões, proveniente do Atlético Mineiro) e Franco Jara (5,5 milhões, vindo do Arsenal de Sarandí) acabaram recambiados, sendo ambos vendidos por menos de metade do valor que custaram.

Sporting

Em Espanha, chamavam-lhe "sin alma, sin goles". E Sinama-Pongolle, avançado francês, continuou a dar razão à alcunha em Portugal: adquirido ao Atlético de Madrid, por 6,5 milhões de euros, em janeiro de 2010, rumou ao Rostov, a custo zero, no verão de 2012. E não deixou saudades em Alvalade. Foi apenas um caso paradigmático do período 2007-12, em que chegaram ao Sporting - por valores acima dos dois milhões de euros - atletas como Purovic, Celsinho, Grimi, Evaldo, Jeffrén, Bojinov e Viola, que acabariam por abandonar o clube, a custo zero, anos depois. Já Elias, que custou 8,85 milhões (o mais caro até à chegada de Bas Dost) e agora está de volta, ainda rendeu quatro milhões.

FC Porto

Milan Stepanov chegou como um central promissor, um candidato a futuro patrão da defesa portista (contratado por 3,5 milhões de euros, ao Trabzonspor, no verão de 2007), e saiu como um flop, que apenas fez 27 jogos em duas épocas de azul e branco (vendido ao Bursaspor, por 800 mil euros, em 2010). No entanto, o defesa sérvio não foi a única desilusão entre as contratações dos dragões nos últimos anos e, pelo menos, ainda rendeu alguns euros, no momento da saída. Tomás Costa (3,2 milhões), Prediger (3,3), Orlando Sá (três) e até Sapunaru (cinco) acabaram por deixar o Dragão a custo zero. Belluschi (cinco milhões de euros) e Walter (seis) também renderam metade do preço de custo ou ainda menos.

Nota: contas feitas a partir do início da época 2006-07, tendo em consideração os valores que foram pagos pela contratação dos atletas e o que foi recebido pela sua futura transferência (sem considerar comissões de agentes ou camparticipações de fundos).

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