Ao passarmos os olhos pela história recente da democracia como regime e sistema político, percebemos que um dos seus grandes desafios tem sido concretizar os valores que a norteiam. Se genericamente a democracia lutou, numa primeira fase, pela implantação dos valores da igualdade, liberdade e solidariedade, posteriormente, viu-se (e vê-se!) confrontada com a necessidade absoluta de traduzir a teoria dos princípios democráticos na sua prática política. A estabilidade da democracia enquanto garante da justiça social e até enquanto sistema depende da capacidade de garantirmos a filiação da prática política aos valores democráticos..As várias ideologias e os vários partidos têm tido interpretações diversas de como essa concretização se deve fazer. Nesta matéria, o Partido Socialista apostou também na igualdade de oportunidades e direitos enquanto fator de proximidade aos cidadãos e de fidelização à matriz democrática. No mandato que o governo leva a cabo, o combate à pobreza e às desigualdades - inscrito, aliás, no seu programa - é uma prioridade. Medidas como o aumento dos mínimos sociais, a reposição de rendimentos, o aumento do salário mínimo nacional no público e no privado, a criação da prestação social para a inclusão, o 1.º Direito - Programa de Apoio ao Acesso à Habitação, o Programa Operacional de Apoio às Pessoas mais Carenciadas (como recusa do mero assistencialismo de cantina) e a gratuitidade de manuais escolares (sem esgotar) ilustram o caminho escolhido..Qual o valor real, para a atuação política e consequentemente para os cidadãos, da profusão de números, estudos, informações e estatísticas de cariz socioeconómico a que todos temos acesso? Ao contrário do que a oposição em Portugal parece pensar, não servem exclusivamente para o exercício de uma retórica política estéril. Os dados socioeconómicos, avançados por entidades independentes servem obviamente como ferramentas de análise para feedback da atuação governativa e para a validação de caminhos e estratégias. À oposição não pode passar despercebido que a taxa de emprego é a mais alta de há dezasseis anos. À oposição não deve ser invisível que a taxa da intensidade da pobreza, que chegou a ser de 30,3% em 2013, se fica pelos 23%, que a taxa do risco de pobreza é a menor de sempre - 21,6% - e que o valor do saldo da Segurança Social atingiu, em 2018, o dobro do previsto..Nenhum destes (ou outros) dados positivos atesta que Portugal é já o país que queremos. Mas todos eles atestam que estamos na direção certa. A democracia é um processo e, como tal, quer-se traduzido na realidade dos cidadãos. Nesse sentido, Portugal é hoje um país mais justo e mais democrático..Deputada do PS