Trabalhadores do entreposto Lidl de Torres Novas admitem greve de três dias

Os trabalhadores do entreposto de Torres Novas do Lidl estão dispostos a avançar para uma greve de três dias caso a empresa recuse negociar uma atualização anual dos salários, disse hoje à Lusa o secretário-geral da CGTP.
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Arménio Carlos participou num plenário realizado no entreposto do Lidl de Torres Novas (distrito de Santarém), no âmbito da quinzena de luta por aumentos salariais nas empresas de grande distribuição, iniciada na passada segunda-feira por iniciativa do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP).

O líder da central sindical afirmou que a participação dos trabalhadores nas várias iniciativas já realizadas tem sido "muito positiva", frisando que o setor da grande distribuição é marcado por uma "desregulação brutal dos horários de trabalho, que põe em causa a articulação com a vida pessoal e familiar", ao mesmo tempo que "tem enormíssimos lucros" e "continua a resistir e, sobretudo, a não ceder à possibilidade de atualizar os salários".

"A resposta dos trabalhadores quanto a estas situações e também à precariedade tem sido magnífica. Independentemente das pressões, assédios, ameaças, o que verificamos é que há adesões significativas quer à participação nos plenários quer também à participação nas greves e com compromisso de esta mobilização se poder manter e acentuar nos próximos tempos", declarou.

Arménio Carlos afirmou que, no plenário de hoje, além da atualização salarial, foram pedidas "respostas a problemas que têm a ver com o trabalho a tempo parcial que está a inundar esta multinacional e que não se justifica quando boa parte destes trabalhadores estão a ocupar postos de trabalho permanentes".

Segundo o responsável da CGTP, os trabalhadores mostraram-se disponíveis para avançarem para uma greve, agendada para 29 e 30 de abril e 01 de maio, "se o Lidl não responder positivamente às reivindicações".

Valter Ferreira, do CESP, afirmou que a negociação da contratação coletiva para o setor da grande distribuição está a decorrer há cerca de 16 meses, com a associação patronal a exigir contrapartidas para a atualização da tabela salarial, como por exemplo que "abdiquem de direitos fundamentais como o pagamento do trabalho em dia feriado e em dia de descanso semanal e do trabalho extraordinário".

Para o dirigente sindical, estas exigências "não são minimamente aceitáveis, porque o contrato de trabalho já permite horários agilizados, indo ao encontro à realidade do funcionamento da empresa".

Valter Ferreira afirmou que o setor da grande distribuição emprega no país entre 115.000 e 120.000 pessoas e salientou que em 2017 gerou um lucro na ordem dos 10.000 milhões de euros só em Portugal.

"Já existem mais que valias e contrapartidas para haver uma negociação séria e uma atualização salarial", afirmou.

O protesto iniciou-se na passada segunda-feira com um plenário de trabalhadores do Jumbo de Portimão, tendo decorrido hoje plenários nos armazéns da Jerónimo Martins na Azambuja (distrito de Lisboa), em Alfena e em Modivas (distrito do Porto), nas FNAC do Chiado e do Colombo (em Lisboa), numa loja Pingo Doce em Gondomar (distrito do Porto) e nos Lidl de Torres Novas (entreposto) e Viana do Castelo (loja).

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