Trabalhadores da emissora pública mantêm ocupação
"Vamos continuar a ocupação até à abertura da ERT e à retirada do ato legislativo que ordenou o seu encerramento", indicou à AFP Nikos Tsimpidas, representante do sindicato dos trabalhadores da radiotelevisão pública.
Desde o encerramento dos canais da ERT, na terça-feira à noite, por decisão governamental, os trabalhadores da emissora e milhares de cidadãos deslocaram-se para a sede da empresa, nos subúrbios a norte de Atenas, para tentar mantê-la aberta.
Os jornalistas da ERT continuam a emitir desde então, com programas sobretudo sobre a situação da emissora e as manifestações de apoio, emissão que tem sido retransmitida através de sites e da União Europeia de Radiotelevisão (EBU).
Os canais e plataformas que estão a permitir a retransmissão decidiram desobedecer à ordem do ministro das Finanças, Yannis Sturnaras, que os ameaçou com sanções caso não interrompam aquela atividade "ilegal".
O anúncio de Sturnaras provocou agitação entre os meios de comunicação social e a oposição, mas também no seio da própria coligação governamental, cujos membros mais pequenos se manifestaram desde logo contra o encerramento da emissora pública e na quinta-feira pediram ao ministro que retirasse a ameaça de sanções.
Após um apelo dos líderes dos dois partidos, Evangélos Vénizélos (Pasok) e Fotis Kouvélis (Dimar), o primeiro-ministro, Andonis Samarás, aceitou uma reunião "tripartida" na segunda-feira, para encontrar uma solução "comum" e criar uma nova radiotelevisão "o mais depressa possível", informou hoje fonte governamental.
Qualificando a ERT de "foco de privilégios, opacidade e desperdício", Samaras tem protagonizado um braço de ferro com a emissora.
No entanto, os sindicatos respondem que desde que tomou posse, há um ano, Samaras nomeou uma nova direção e contratou vários funcionários, dando seguimento à política "de clientelismo" dos governos nas últimas décadas.
Todos os meios de comunicação, tanto da imprensa escrita como as rádios e televisões, estão hoje em greve e a única informação difundida através dos meios digitais é o sinal da ERT ou informação relacionada com a cadeia.
Sturnaras defendeu na quinta-feira, com veemência, a decisão "corajosa" de encerrar a empresa para permitir a criação de uma nova emissora e afirmou que "não há modernização sem conflitos".
O ministro pediu à procuradoria de Atenas que investigue todos os casos de corrupção na emissora pública.