Qualquer pessoa, do mundo, para passar férias. Quem? A minha mulher, com certeza..Uma lição da pandemia. A maior lição da pandemia foi perceber que conseguimos viver com todas as dificuldades e nunca podemos desistir. E quando temos de resolver as coisas, há que esgravatar no chão como galinhas para encontrar a minhoca. Se não nos dão o milho, temos de ir à procura da minhoca. Portanto, é nunca parar. Há sempre soluções..Direitos de Autor? Os direitos de autor são um complemento muito importante na minha vida, uma vez que tenho cerca de três mil obras registadas e, portanto, sempre que chega ao fim do ano, é muito importante para mim ter esse balão financeiro para poder dar conta de uma série de despesas, nomeadamente os impostos que estão de caros..Viver em Portugal e passado emigrante. Viver em Portugal é viver no paraíso. Só quem vive no estrangeiro é que percebe o que digo agora, porque às vezes não sabemos amar aquilo que temos ao alcance e só quando o perdemos é que percebemos o quanto o amamos. É o caso de um país como o nosso..Estado da Cultura e um Desejo para OE 2024. Deveriam triplicar o orçamento para a cultura. Um país sem cultura é um país sem identidade e um país sem identidade é um país sem povo. No dia em que não percebermos porque é que somos portugueses, não vale a pena dizer que o somos e que temos orgulho nisso. É através da cultura que se consegue manter a identidade. A cultura e a educação são os dois braços fortes de uma sociedade que remam e que a levam no rumo certo. O Estado da cultura neste momento é deplorável e não falo por mim, falo por muita gente que vive da cultura. E não podemos só olhar para os artistas que ganham muito dinheiro, porque a cultura não vive só de meia dúzia de pessoas que são figuras de proa. Vive, acima de tudo, dos que estão atrás das câmaras, dos que estão a enrolar cabos, dos que estão a afinar as guitarras. São pessoas da cultura e precisam de respeito e dignidade na sua profissão..Escrever músicas ou canções? E inspiração? Cantar canções. Há duas formas de compor: inspirado ou transpirado. Ou acordamos cheios de ideias para fazer coisas, ou então fazem-nos uma encomenda, no caso das novelas, por exemplo, em que já fiz vários trabalhos para bandas sonoras e aí tenho de ler a sinopse, portanto é mais transpirar do que inspirar. A através da sinopse, tenho de perceber as histórias e através das histórias, depois, forçar, entre aspas, um bocadinho a inspiração para construir as canções..Um lugar e vinho especiais? Setúbal, com certeza, e a Serra da Arrábida. Um vinho, o Dona Ermelinda Grande Reserva ou Leo d"Honor..Uma canção que cantaria ao Governo? Iria cantar uma coisa que tenho escrita de 1980 e tal, que se chama Discriminação Musical, porque ainda não chegou o 25 de Abril à música, continuam algumas rádios, inclusivamente rádios do Estado, para as quais pago impostos, que me convidam para ir lá dar entrevistas, mas os meus discos não estão na playlist e não passam..Hobbies? Gosto muito de conduzir, agora tenho menos paciência, mas gostava de experimentar um Fórmula 1. Mas já fui padrinho da Rampa da Arrábida, já experimentei um carro de rally do Rui Madeira e já foi bom. Gosto muito de jogar futebol, inclusive tenho uma escola de futebol, que, em princípio, estamos agora a cancelar - vamos passar as crianças para outra coletividade que lhes dá o carinho e o apoio que eles precisam - e a transformar num outro projeto, mas o meu hobby também é jogar. Jogo às segundas e quintas, não no verão porque não tenho tempo, mas durante o resto do ano.Férias ideais são? São, não porque não gosto muito do meu país e das minhas praias, mas são fora, porque tiro menos fotografias. Se estiver onde ninguém me conheça consigo ir ao banho e descansar um bocadinho. As minhas praias ideais são o Nordeste do Brasil, todas as praias das Caraíbas, nomeadamente Cuba..Ouça aqui o podcast: