Touré forçou emagrecimento e pode ser suspenso 2 anos

Kolo Touré tomou um medicamento da esposa para emagrecer e a substância foi detectada num controlo de doping. O central costa-marfinense do Manchester City, já suspenso preventivamente, poderá ser afastado por dois anos, por usar um fármaco para manipular a sua condição física ou por negligência grosseira, ao não verificar se o produto estava na lista de substâncias proibidas.
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A substância detectada a Touré ainda não foi divulgada pelo seu clube ou pela Associação de Futebol inglesa (FA), apenas que o controlo foi realizado após um jogo com o Manchester United e que o central tem direito a pedir contra-análise, antes que o teste seja declarado positivo. Mas Arsène Wenger, técnico do Arsenal e que treinou Touré naquela equipa, adiantou alguns detalhes, depois de o central lhe ter telefonado, devastado com a notícia: "Ele queria controlar um pouco o seu peso porque é onde ele teve alguns problemas, e tomou o produto da sua esposa. Penso que isto é um erro ao esquecer de perguntar 'Posso tomar isto?'."

O seu conselheiro, Valere Gouriso, confirmou esta versão dos factos, em declarações ao The Guardian: Touré "tomou os comprimidos para emagrecer. Ele andou a fazer isto porque queria ter sucesso. Queria baixar o seu peso e por isso tomou os comprimidos que a sua mulher usa e afinal havia neles alguma substância que é proibida." Wenger diz que este caso "é uma surpresa total" para ele, pois Touré "tem uma vida limpa, honesta, sempre em casa, um homem de família". "Não suspeito que ele tenha tomado dopantes para melhorar o seu desempenho", argumentou o treinador do Arsenal.

O The Guardian escreve que, no mínimo, Touré é "culpado de ingenuidade grosseira". Mas o próprio conselheiro do central admite que este "queria ter sucesso". Para a Agência Mundial Antidopagem (AMA), melhorar artificialmente o desempenho pode ser, por exemplo, ganhar resistência através do uso de hormonas como a eritropoietina, aumentar a massa muscular com substâncias como os esteróides anabolizantes ou manipular o peso para ter mais resistência, agilidade ou velocidade, ou mesmo competir em determinada categoria em desportos em que os atletas são distribuídos segundo o que pesam, como o pugilismo ou o halterofilismo.

O uso de substâncias dopantes é punido no mínimo com dois anos de suspensão, segundo o código mundial antidoping. Um atleta poderá conseguir reduzir a sanção se provar que se tratou de dopagem acidental. É nisso que os advogados de Touré vão apostar: pretendem basear a defesa do jogador na ideia de que este cometeu um erro inocente e que não sabia que estava a ingerir uma substância proibida. Argumento que, mesmo que convença a FA ou a Agência Antidoping do Reino Unido (UKAD), poderá não impedir um recurso por parte da AMA. É que, além da regra que determina que um atleta é responsável por qualquer substância que entra no seu corpo, Touré foi avisado sobre os riscos de dopagem acidental, com medicamentos ou suplementos nutricionais não recomendados por um médico conhecedor, e foi aconselhado a não o fazer, no âmbito de um programa de educação antidopagem realizado no início da época pela FA e pelo sindicado de jogadores profissionais (PFA, sigla em inglês).

Segundo o jornal The Independent, todos os membros da PFA receberam um 'kit' com informação sobre a luta contra a dopagem, incluindo a lista proibida, e detalhes sobre um site (globalDRO.co.uk) no qual é possível fazer pesquisa sobre marcas de suplementos ou ingredientes e verificar se estão interditos no desporto. Além disso, o sindicato e a FA realizaram visitas a todos os clubes, falando com os jogadores de todos os escalões de competição sobre as infracções aos regulamentos. Acções que se intensificaram desde que os clubes de topo têm de indicar a localização dos seus jogadores para se poderem realizar controlos fora de competição.

O mesmo jornal diz ainda que o médico do Manchester City, Jamie Butler, levou a cabo ele próprio um programa interno de alerta para que o pessoal de apoio dos jogadores também não cometa infracções às regras.

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