Tortura funciona para combater o terrorismo? "Absolutamente", diz Trump

Presidente dos EUA defendeu em entrevista que, no que ao terrorismo diz respeito, é preciso combater "fogo com fogo"
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Na primeira entrevista televisiva desde que assumiu a presidência dos EUA, Donald Trump continuou a expor pontos de vista polémicos, garantindo que "a tortura funciona" e que os Estados Unidos devem combater "fogo com fogo" no que ao terrorismo diz respeito, recuperando o que já tinha defendido na campanha eleitoral. "Quero manter o país seguro", sublinhou.

Falando à ABC News, o presidente dos EUA admitiu que deixará ao critério de James Mattis, com o pelouro da Defesa, e do diretor da CIA, Mike Pompeo, o que poderá ou não poderá ser feito para lutar contra o terrorismo. Mas, questionado sobre se considera que o uso de técnicas como o waterboarding - uma forma de tortura que simula o afogamento - funcionam, respondeu: "absolutamente". E acrescentou que conversou com os líderes dos serviços de inteligência americanos, que lhe garantiram que "a tortura funciona". "Quando eles [terroristas] cortam a cabeça às pessoas porque são cristãs no Médio Oriente, quando o Estado Islâmico está a fazer coisas de que ninguém ouvia falar desde os tempos medievais, se eu me importaria com o waterboarding? No que me diz respeito, temos de combater fogo com fogo".

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Segundo as últimas informações avançadas pela imprensa internacional, Trump estará mesmo a preparar-se para assinar uma ordem executiva que permitiria restabelecer os centros de detenção clandestina da CIA, conhecidos como black sites (lugares negros), instituídos após o 11 de setembro de 2001. Nestes centros, não se aplicavam as limitações aos interrogatórios coercivos previstas no manual do exército norte-americano, cujo objetivo é assegurar o cumprimento das Convenções de Genebra, base do direito humanitário internacional.

Porém, Trump enfrentará forte oposição na tentativa de reativar estes centros de detenção: John McCain, senador republicano que foi vítima de tortura e é coautor de uma lei que entrou em vigor em 2015, que impede as agências de segurança norte-americanas de recorrerem a técnicas de interrogação para além das previstas no manual do exército, já veio dizer que Trump poderá assinar "os decretos que quiser": "não vamos trazer de volta a tortura aos EUA", frisou.

Até porque durante as audiências de confirmação do secretário da Defesa e do diretor da CIA, McCain pediu explicitamente garantias a Pompeo e Mattis de que iriam reger-se pelas regras estipuladas no manual do exército. "Estou confiante de que estes líderes honrarão a palavra que deram", disse, citado pelo The Guardian.

Já o antigo líder da CIA que deu ordem para que se fechassem os black sites, Leon Panetta, disse à BBC que seria um erro reintroduzir técnicas violentas de tortura e que essa opção iria prejudicar a reputação dos EUA, já que viola os valores e a Constituição norte-americana.

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