Tony é um grande artista. E eu sou fã
"Confessem lá quantos de vocês estão a ver-me ao vivo pela primeira vez", pediu - os mais de 25 anos de uma carreira de créditos firmados e os fãs garantidos onde quer que se juntem portugueses a não evitar algum nervoso miudinho. Normal. Aquela não era a plateia costumeira, incondicionalmente rendida, braços no ar e coro improvisado em todos os refrães sabidos na ponta da língua. Ali, no Salão Preto e Prata do Casino Estoril, a alguns fãs - sim, também os há homens - juntavam-se as caras que não falham uma festa. Lá estava Lili Caneças no seu melhor penteado, a divertidíssima Bibá Pitta, Cinha e Pimpinha Jardim em animado convívio. Mas também, a meio metro do palco, se perfilavam o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, o antigo ministro social-democrata Miguel Relvas e a mulher, a líder centrista Assunção Cristas e o marido. Não o tivesse eu testemunhado e dificilmente acreditaria que um concerto de Tony Carreira poderia reunir aquela plateia. Mais do que isso, entusiasmar tanta gente a entoar os Sonhos de Menino ou Ai Destino, Ai Destino, e a bater palmas ao som dos temas que ali levava a estrear, Sem ti eu não sei viver e Eu esqueci de esquecer-te.
E em menos de nada, Tony tinha conquistado a plateia e era de novo o grande artista que esgota as salas por onde passa, a mostrar a quem estava a vê-lo pela primeira vez porque mereceu a distinção recebida em Paris e deveria ter pelo menos igual tratamento no seu país. No fim da noite, Tony Carreira tinha ganho mais uns quantos clientes para os seus discos e concertos - ainda que obrigados a fazer que estão só a fingir gostar. Quanto a mim, fã confessa e assumida - haverá tão grandes diferenças para os tão mais consensuais Roberto Carlos ou Julio Iglesias? - adorei cada minuto. Tony Carreira nunca me desilude.