"Todos os produtos de tabaco são nocivos"
As empresas de tabaco estão a investir em produtos que chamam de potencial risco reduzido. Esta afirmação ainda é prematura?
Sim, é prematura. Esta alegação carece de validação científica por entidades credíveis e independentes que confirmem esta alegação. Dado que se trata de um novo produto esses estudos ainda não existem.
Como estão as entidades de saúde a lidar com estes novos produtos?
Estão a acompanhar a informação científica que vai sendo publicada e a acompanhar as orientações da OMS e da Comissão Europeia.
As empresas estão a aproveitar um vazio na lei?
Não há um vazio na lei. A Lei 109/2015 de 26 de agosto que transpôs a Diretiva 2014/40 de 3 de abril contempla a regulamentação dos designados novos produtos do tabaco.
Quais os riscos de se olhar para estes produtos como alternativas mais seguras ao tabaco convencional?
A perda de incentivo para parar de fumar em atuais fumadores, e as recaídas em ex-fumadores, decorrentes da falsa perceção de que se trata de um produto inofensivo ou com baixo risco.
E que limites se podem colocar às empresas, que embora não digam que são mais saudáveis dizem que há uma produção de menos gases tóxicos porque não há combustão do tabaco?
O limite previsto na lei tem que ver com a publicidade. A lei proíbe todas as formas de publicidade aos produtos do tabaco, direta e indireta.
Poderá haver um tipo de tabaco que é menos prejudicial? E se sim ele deve ser oferecido aos consumidores ou deve manter-se a política de incentivar os fumadores a desistirem?
Conforme tem sido reiterado pela OMS, todos os produtos do tabaco geram dependência e são nocivos para a saúde. Nesse sentido, deve manter-se o objetivo de incentivar todas as pessoas fumadoras a deixarem de fumar.
Que mensagem passa quando o presidente da maior tabaqueira do mundo - a Philip Morris - diz em entrevista que espera que todos os fumadores mudem o mais rapidamente possível para estas alternativas e que quer deixar de produzir tabaco convencional?
Este tipo de mensagem contribui para manter o consumo de tabaco. Acentua a ideia de que, em vez de parar, os fumadores devem mudar o consumo para este novo produto.