Timochenko denuncia instauração de ditadura na Ucrânia

A opositora ucraniana Iulia Timochenko e ONG ocidentais denunciaram hoje a instauração de uma "ditadura" na Ucrânia, um dia depois de aprovação de leis que reforçam as sanções contra manifestantes e introduzem a figura de "agente do estrangeiro".
Publicado a
Atualizado a

"Essas leis, se forem promulgadas pelo presidente Viktor Ianukovitch, vão impedir qualquer manifestação de desobediência civil, abrir caminho à repressão e transformar a Ucrânia numa ditadura", considerou a secção local da organização não-governamental Transparency International num comunicado.

"É um crime evidente. Ianukovitch deu mais um passo para a instauração de uma neo-ditadura", sublinhou por seu lado a ex-primeira-ministra, na prisão, Iulia Timochenko.

A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, por seu lado, declarou-se "profundamente preocupada" com a adoção destas leis, votadas "precipitadamente" e que limitam "os direitos fundamentais" dos ucranianos.

"Insto o presidente da Ucrânia a rever estas decisões e a colocá-las em linha com os compromissos internacionais da Ucrânia", afirmou Ashton num comunicado.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros sueco, Carl Bildt, apoiante da aproximação de Kiev à UE, considerou que a situação "alarmante" na Ucrânia deve ser discutida na próxima reunião de chefes das diplomacias europeias, na segunda-feira, em Bruxelas.

O Parlamento ucraniano, dominado pelos partidários do governo, aprovou na quinta-feira uma série de leis que introduz ou reforçam sanções contra manifestantes e obrigam, como na Rússia, as ONG financiadas por países ocidentais a registar-se como "agente do estrangeiro".

O termo, aplicado aos verdadeiros ou supostos opositores durante a época estaliniana, é frequentemente utilizado nos últimos anos na Rússia de Vladimir Putin para impor sanções a organizações que contestem a atuação do governo.

A votação das novas leis ocorreu num contexto de contestação social na Ucrânia, que desde novembro passado levou centenas de milhares de pessoas às ruas para protestar contra a decisão do governo de suspender os preparativos para um acordo de associação com a UE e de reforçar os laços com a Rússia.

"Aquilo que a Rússia fez em 60 dias depois da tomada de posse de Putin (em 2012), a Ucrânia fez em 20 minutos", escreveu na sua conta no Twitter a responsável da Human Rights Watch para a Europa, Rachel Denber.

Os dirigentes da oposição ucraniana, que na quinta-feira denunciaram "um golpe anticonstitucional", apelaram para uma nova grande manifestação, no domingo às 10:00 TMG (mesma hora em Lisboa).

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt