Timochenko apela a defender Ucrânia a todo o custo
"Estamos forçados, um a um, a enfrentar a agressão. Não vemos outra possibilidade. Devemos defender o nosso país custe o que custar", referiu Iulia Timoshenko, em declarações ao jornal alemão Bild, na sua primeira entrevista desde que chegou a Berlim, há cerca de 10 dias, para receber tratamento médico.
Na opinião da antiga chefe do Governo ucraniano, o discurso proferido na terça-feira pelo Presidente russo, Vladimir Putin, antes de assinar o tratado bilateral de união com a república autónoma da Crimeia, foi "propaganda fascista" e "uma grande mentira".
Na entrevista ao jornal alemão, Timoshenko também falou sobre as posições assumidas pelo Ocidente na crise ucraniana.
A ex-primeira-ministra, sentenciada em 2011 a sete anos de prisão por "abuso de poder", assegurou que a Ucrânia está "muito grata" à Europa pelo seu "apoio moral e espiritual", pela sua "tomada de posição" e "as primeiras sanções", mas admitiu que "os ucranianos esperavam mais e esperam mais".
Neste momento, acrescentou a política, "já não se trata realmente da Ucrânia" porque "a crise espalhou-se a nível global".
Segundo Timoshenko, Putin pretende "acabar com o sistema de segurança global" instalado após a Segunda Guerra Mundial e "instaurar o caos".
O líder do Kremlin quer "redesenhar o mapa do mundo com guerras, assassinatos em massa e sangue", uma postura que Timoshenko compara com o livro "Mein Kampf" ("Minha luta", em português) de Adolf Hitler.
Iulia Timoshenko concluiu que o comportamento de Putin é "perigoso" pelo "desprezo" demonstrado em relação a outra nação soberana.
A república autónoma ucraniana da Crimeia, de população maioritariamente russa, está no centro da tensão entre a Rússia e a Ucrânia desde a destituição, em fevereiro, do presidente ucraniano Viktor Ianukovich, considerado pró-russo.
As autoridades locais da península autónoma recusaram reconhecer o novo Governo de Kiev e referendaram, no domingo passado, uma união com a Rússia, apoiada por 96,77% dos votantes.
A tensão na Crimeia subiu de tom na terça-feira, com a Rússia a reconhecer a república autónoma ucraniana como parte do seu território e a Ucrânia a dar autorização aos seus soldados para usarem armas.
SCA // APN