Ter como sobrinho o Presidente dos EUA parece valer de pouco a Zeinuti Onyango. A tia de Barack Obama, imigrante ilegal, foi ontem a tribunal explicar porque não deve ser deportada para o Quénia..Zeinuti, informática de 56 anos, chegou aos EUA em 2000 mas só dois anos depois pediu asilo. Em 2004, o requerimento foi rejeitado e ela recebeu uma ordem de deportação, que desrespeitou..A situação foi conhecida na recta final da campanha para as presidenciais de Novembro de 2008 e foi usado como arma política pelos conservadores que fazem do combate à imigração ilegal uma das suas bandeiras políticas..Em resposta às críticas, Obama disse não saber que a tia tinha desrespeitado a ordem de deportação e defendeu que a justiça seguisse o seu curso normal. Alguns meses depois, o juiz aceitou um pedido de recurso e marcou uma nova audição para ontem..A pedido de Zeinuti, o julgamento decorreu à porta fechada. A imigrante chegou numa cadeira de rodas e disse acreditar que lhe vai ser dada razão quando as pessoas ouvirem a sua história e que ele vai poder continuar a viver nos EUA. A sentença não era conhecida ao início da noite de ontem..Segundo a lei americana, para obter asilo uma pessoa tem de provar que é perseguida no seu país por causa da sua religião, raça, nacionalidade, opinião política ou pela sua identificação com um determinado grupo social..Margaret Wong, a advogada de defesa da africana, disse que a sua cliente pediu asilo por causa da violência no Quénia, mas não avançou mais pormenores..Desde que obteve a independência do Reino Unido em 1963 O Quénia tem sido palco de violência étnica. Os Luos, a tribo de Onyango, tiveram vários confrontos com os Kikuyus, a maior tribo do país da costa oriental de África..Em 2008, mais de mil pessoas morreram na ressaca de uma eleição presidencial que opôs um kikuyu a um luo e o país ainda não conseguiu fechar as feridas..O advogado Hanishi Ali, especialista em casos de imigração, disse à AP que os casos de asilo são muito difíceis de vencer. "O ónus está do lado de quem pede asilo. Cabe-lhes a eles provar que existe realmente a possibilidade de serem perseguidos nos seus países de origem.".Um dos argumentos que Zeituni pode usar a seu favor é que o facto de ser uma familiar de Obama porá a sua vida em perigo. Outro é o seu débil estado de saúde. A imigrante ilegal vive num bairro camarário para idosos e deficientes, e está a recuperar após cerca de três meses paralisada devido à síndrome de Guillain-Barré. .Numa entrevista à Associated Press, em Novembro, afirmou que o sobrinho não sabia que ela estava ilegal e garante nunca lhe ter pedido ajuda. Onyago contou ainda que se afastou da família para não dar pretextos aos adversários de Obama para o criticarem. No seu livro de memórias, A Minha Herança, Obama refere-se a ela como "Titia Zeinuti" e descreveu um encontro com ela numa viagem ao Quénia em 1998. A Casa Branca informou ontem que Obama não fala com a tia desde 2008 e que a lei é igual para todos.