'The New Yorker'. Folhear uma revista através da TV

A gigante de streaming Amazon está a produzir uma série baseada na publicação norte-americana
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Desde há muito que o digital deixou de ser o futuro. É o presente. A migração dos formatos impressos para a internet é uma realidade cada vez mais premente e os exemplos sucedem-se. O mais recente é o da revista The New Yorker, que vai dar origem a uma série para a gigante de streaming Amazon. O pro- jeto terá um total de seis episódios com 30 minutos de duração.

O salto desta conceituada publicação norte-americana - que celebrou ontem 91 anos - para o mundo digital surge com o objetivo de se aproximar das gerações mais jovens e transportar as suas páginas para um ecrã. The New Yorker Presents tem a assinatura do realizador Alex Gibney numa parceria com a Jigsaw Productions e a produtora Kahane Cooperman.

À semelhança do que acontece na publicação, a oferta de conteúdos é eclética. Um documentário realizado pelo cineasta Jonathan Demme, uma curta-metragem protagonizada por Alan Cumming, um poema recitado por Andrew Garfield e até cartoons são alguns dos segmentos que integram esta série.

"Mesmo que o foco não seja na ficção, vamos abraçar o humor, seja através de cartoons ou de curtas-metragens", afiançou Alex Gibney. "Estamos a adaptar alguns textos de ficção, mas também pro-duzimos documentários que são inspirados nos artigos que são publicados na revista", acrescentou, frisando que o seu grande desafio é "honrar o espírito da revista".

David Remnick, vencedor de um prémio Pulitzer e editor da The New Yorker desde 1998, considera esta migração como uma evolução natural do jornalismo. "Quando há 17 anos comecei a desempenhar a função de editor, o nosso trabalho era fazer uma revista impressa todas as semanas, o que era muito. Agora o desafio passa também por nos adaptarmos a outras plataformas", salientou.

Transportar a publicação para o universo digital compreendeu uma exigência fulcral: manter os standards de qualidade visual e gráfica pelos quais a The New Yorker sempre se pautou desde a sua fundação, em 1925. Na ótica de Remnick, esta surge não só apenas com o objetivo de divulgar a revista. "É uma aventura criativa. Uma experiência na qual o cinema é o mais importante. A equipa da revista ajuda sempre que é necessário porque temos orgulho no rigor com que tratamos a informação", justifica.

Aos poucos, a The New Yorker tem deixado de ser um veículo de informação ligado exclusivamente ao papel. Em outubro, a publicação aventurou-se no universo da rádio com o programa The New Yorker Radio Hour, produzido pela New York Public Radio.

Esta tem sido uma forma de a publicação não só adaptar-se ao presente como também de alcançar um novo público e fazer que alguns dos seus artigos sejam consumidos de uma forma mais descontraída.

Contudo, a ideia de transportar uma revista para uma série não é inédita. A HBO prepara-se para estrear a quarta temporada de Vice, formato que é liderado pelo jornalista Shane Smith, da revista Vice, e que tem como missão encontrar factos reveladores e chocantes em países em conflito e em regiões inóspitas. Em 2014, o programa chegou mesmo a ser agraciado com um Emmy para melhor série informativa. Na nova temporada, o correspondente norte-americano Kaj Larsen faz uma viagem à Nigéria para mostrar a conturbada relação do grupo terrorista Boko Haram com o governo local.

O canal Showtime, por seu turno, encontra-se em negociações com a Rolling Stone, também com o objetivo de produzir uma série documental, tendo sido já encomendado um episódio-piloto. Outras revistas como Sports Illustrated, MAD, People ou Playboy também já tiveram direito a especiais televisivos.

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