The Affair. O regresso traumatizado de Noah

Dominic West descreve a sua personagem como um homem diferente, agora que começou a terceira temporada da série do canal Showtime emitida em Portugal pelo TV Séries
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A ação da nova temporada recomeçou três anos depois da detenção do protagonista, que finalizou o cumprimento de um período de prisão por ter assumido um atropelamento que não cometeu. Regressa "traumatizado e, de certa forma, partido pela experiência", adianta Dominic West em exclusivo ao DN.

No final da segunda temporada, para proteger Helen (Maura Tierney), o protagonista admitiu a responsabilidade por este crime - decisão que tomou "em busca de redenção", como "um sacrifício para expiação dos pecados que até aqui cometeu, em nome daqueles que magoou".

Agora, estamos perante "um sonho para um ator", que é representar alguém que está "muito traumatizado". O intérprete vai mais longe e diz que está perante "uma quantidade de traumas" que nunca representou antes.

"Está profundamente traumatizado, pelo período que passou na prisão, pela morte da mãe... que volta à superfície quando ele está na solitária, na prisão. Além do mais, sente-se perseguido pelo carcereiro Gunther (Brendan Fraser), um antigo colega de escola que começa a ver em todo o lado de forma paranoica. Ele está num momento espetacularmente mau", acrescenta West.

Além de todos os problemas que já tem, Noah surge "verdadeiramente doente", com alucinações frequentes e "viciado em analgésicos", o que dificulta ainda mais a sua relação com as outras personagens, nomeadamente com a irmã, que o expulsa de casa, ou com os filhos, com quem não tem contacto próximo e que o odeiam abertamente. "Não pode haver nada pior para alguém nesta fase da vida", explica o artista, que é pai de cinco filhos na vida real.

Torna-se também mais fácil para Noah, e igualmente menos transgressor, amar Alison (Ruth Wilson), depois de ter começado a odiar cada vez mais a ex-mulher Helen, a quem responsabiliza pelo período que passou na prisão. No tempo em que esteve detido, o protagonista afixou na cela uma fotografia de Alison, agarrando-se a ela como a única coisa que o transportava para fora daquele ambiente. "Quando sai, eleva-a ao estatuto de uma deusa, como a sua única fonte de felicidade ou cura."

A ligação forte entre a personagem principal e Alison, empregada de mesa num café que o levou a acabar com o seu casamento durante a primeira temporada, é explicada por West como algo profundo e que está relacionado com o facto de "ambos terem perdido pessoas que amam, uma perda que não esquecem e que cria uma ligação entre eles".

"Ele chega à terceira temporada e ainda está apaixonado pela rapariga que conheceu no Lobster Roll [bar que surge na primeira temporada]". No entanto, neste campo as coisas também não correm bem para Solloway. Alison recusa as aproximações, não atende os telefonemas ou responde às cartas. Depois do divórcio de Cole, continua a lutar pela custódia da sua filha e é lhe dito, pelo advogado do ex-marido, que se contactar com Noah será presa e afastada da criança, o que leva a que haja cada vez mais distância entre os dois amantes.

Uma nova perspetiva

Uma nova personagem acaba entretanto por entrar na vida de Noah, que começa a trabalhar como professor de Escrita Criativa numa universidade em Nova Jérsia. Juliette Le Gall (Irene Jacob), professora de Literatura Medieval e especialista em amor e cortejo medieval, aproxima-se do protagonista. "Cortejar é exatamente o oposto do que é o Tinder [risos], do que são relações sem compromisso ou blind dates. É o amor cortês, que não procura a satisfação sexual de forma fortuita." Nota destoante tendo em conta o tema central da série - affairs e traição.

"Juliette é intelectualmente estimulante, muito bonita, e também precisa de uma sexual healing", mas as coisas acabam por também aqui não ir além de uma aproximação platónica. "Ele recusa a aproximação, não está preparado para a intimidade sexual depois de tudo aquilo que passou, ele está realmente perturbado", explica ao nosso jornal.

Além disso, a entrada desta nova personagem no enredo acrescenta uma quinta perspetiva aos acontecimentos, que se vem juntar às quatro já existentes (Noah, Helen, Alison e Cole). "Este dispositivo da perspetiva faz muito pelo contar da história, aumenta a subjetividade da história, consegues ter uma visão mais completa de um determinado acontecimento. E também nos diz muito sobre a personagem, o que vai permitir que conheçamos melhor Juliette."

De resto, será possível ter noção "da perspetiva de Noah e da perspetiva de Juliette" em simultâneo, o que possibilitará perceber, através da comparação, "o quanto Noah está doente, perturbado e afetado mentalmente".

"Esta temporada é sobre aquilo que as pessoas escondem, o seu lado lunar. É sobre o facto de termos de aceitar o nosso lado mais negro à medida que as coisas saem do nosso controlo na vida. De muitas formas, a infidelidade é sobre o lado negro do casamento, das relações ou do compromisso. E as pessoas fascinam-se com este lado oculto de pessoas que parecem felizes, que parecem ter tudo", resume Dominic West.

The Affair é uma série sobre Noah Solloway, escritor que abandona a mulher para se juntar a uma empregada de mesa que se encontra a fazer o luto de um filho que perdeu. A experiência que vive vale como inspiração para um best-seller e para um conjunto de dramas que se desenrolam a partir deste ponto de partida, com relações a desmoronarem-se e a desencadearem novas consequências.

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