Ter uma conta no banco pode custar 100 euros por ano
As comissões cobradas pela banca dispararam nos últimos anos. Ter uma conta no banco passou a custar, em termos redondos, cerca de cem euros. É que, além das comissões de abertura e manutenção, são cada vez mais frequentes as comissões por cartões de débito e crédito, e valores cobrados por cheques ou transferências ao balcão.
Depois de analisar 71 contas em diversos bancos a operar em Portugal, a Deco não tem dúvidas: "Por quase tudo aquilo que já pagava ao banco em 2007, antes de a última crise ter invadido o país, agora paga-se ainda mais", diz um estudo que será divulgado nesta semana. "O custo que uma conta, com tudo o que envolve desde os cartões à manutenção, ronda hoje, em média, os cem euros", contou Nuno Rico, da Deco. O responsável pela análise disse ainda que "numa utilização básica a evolução do custo com uma conta subiu 60%" desde 2007.
Este aumento de preços é justificado pelo setor bancário com a quebra de receitas a que tem estado sujeito, desde que a UE limitou o valor das taxas cobradas aos comerciantes que usam terminais de pagamento multibanco. A Associação Portuguesa de Bancos - que se escusou a comentar o estudo da Deco - lembra que o setor funciona em concorrência e isso permite ao cliente encontrar alternativas. "Os valores apresentados nos preçários das instituições são tetos e, como tal, podem ou não ser os valores efetivamente praticados, porque os bancos disponibilizam, em muitos casos, pacotes de serviços ou isenções que permitem condições mais vantajosas."
Anuidade de cartões de débito
Em alguns itens, os aumentos chegam a ser de três dígitos. Falamos, por exemplo, do agravamento das anuidades dos cartões de débito que, segundo a Deco, passaram de uma média de 6,56 euros, em 2007, para 14,63 euros neste ano. O aumento foi de 123%. "Só a Caixa Geral de Depósitos, que tem a maior quota de clientes, cobra 18,72 euros", acusa a Deco, dizendo que é já "a segunda mais cara". O exemplo da Caixa volta a ser dado para falar de cheques. Em média o aumento de preços foi de 130%, ou seja, "o preço mais do que duplicou na última década".
Questionada pelo DN/Dinheiro Vivo, fonte oficial da CGD lembra que os aumentos percentuais mais elevados acontecem "porque a base era muito baixa". Mesmo assim, o preçário "continua abaixo da média do que é praticado no mercado".
Fonte do mercado lembra ainda que "apesar dos aumentos nas comissões cobradas nos últimos anos pelos bancos, numa tentativa de melhorarem as suas rentabilidades, ainda há uma série de isenções que anulam as comissões praticadas, especialmente se a conta servir para domiciliar o ordenado ou a reforma".
Mas a Deco alerta que também estas isenções têm vindo a perder dimensão. Se em 2007 todas as contas-ordenado ou para reformas estavam livres de custos, "hoje já nem todos os bancos as isentam", diz Nuno Rico, que contou "três instituições que já cobram comissões mesmo em contas-ordenado".
Isto acontece, explicou fonte do mercado ao DN/Dinheiro Vivo, porque nos últimos anos se registou uma "grande redução dos fatores que permitem redução das despesas com contas". Além disso, o Banco de Portugal tem uma norma que impede isenções diretas, pelo que os bancos optam por isentar cartões depois de um determinado valor gasto.
Quando nem o ordenado nem a reforma estão domiciliados, só quatro bancos dão isenção ao cliente bancário, diz a Deco. A solução apontada passa pela comparação de instituições, contas e produtos oferecidos e incluídos. O Banco de Portugal, diz a associação, está a par dos testes e comparações que a Deco vai realizando.