Tensão na Cidade do Cabo após "visitantes negros serem retirados" da praia

O protesto começou de forma pacífica, mas ficou tenso quando os moradores locais e os ativistas se insurgiram contra o sacrifício de uma ovelha na praia, um ritual que pretendia limpar o espaço do racismo.
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Um grupo de manifestantes tomou conta da Quarta praia de Clifton, na Cidade do Cabo, na África do Sul, esta sexta-feira, depois de alegadamente um grupo de seguranças privados ter expulsado pessoas de raça negra da praia.

Segundo a BBC, os seguranças da empresa PPA Security, contratados por moradores locais, terão expulsado os turistas da praia de Clifton no final da tarde. De acordo com os manifestantes, os banhistas foram retirados da praia injustamente, mas a empresa diz que age apenas para proteger os moradores do crime.

O presidente da Câmara da Cidade do Cabo, Dan Plato, garante que a empresa não tem autoridade para pedir a ninguém que abandone a praia. "Não permitiremos que nenhuma organização privada limite o acesso aos nossos espaços públicos", afirmou, em comunicado.

Segundo Dan Plato, a empresa terá, no entanto, pedido a pessoas de todas as raças que saíssem da praia e não especificamente às pessoas de raça negra. Uma afirmação contestada pelos manifestantes.

Os protestos começaram de forma pacífica, mas ficaram tensos quando os ativistas pelos direitos dos animais e os moradores locais se opuseram ao massacre de uma ovelha na praia, um ritual que, segundo os manifestantes, pretendia limpar a praia do racismo.

Em declarações ao site News 24, Chumani Maxwele, ativista local, explicou que a oferta de ovelhas é um ritual ancestral para responder ao trauma que os negros passaram ao longo dos anos.

Alwyn Landman, chefe da empresa de segurança, nega as acusações feitas à organização, dizendo que o trabalho dos seus funcionários é proteger os moradores da criminalidade. Segundo o mesmo, a polícia teria estado no local, no domingo à noite, depois de ter sido cometido um crime. No entanto, as autoridades dizem que não ter recebido qualquer relato de atividade criminosa naquele local.

Duas décadas e meia depois do fim do apartheid, o regime segregacionista que vigorava na África do Sul desde 1948, as tensões entre brancos e negros ainda se fazem muitas vezes sentir no país.

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