"Temos um preço do tabaco muito baixo e devia aumentar"

Entrevista a Ana Figueiredo, pneumologista e médica especialista em cessação tabágica
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Como vê as alterações à lei do tabaco? Faltaram medidas?

Deixar tantas exceções, não estou a ver como nos vai beneficiar. É uma questão de saúde pública. Temos de cumprir a lei como está a ser feito nos outros países. Só medidas globais terão impacto. Em relação às imagens, realmente são impactantes. Já foi provado noutros países que as têm que houve queda no consumo de tabaco.

O preço do maço devia subir?

Obviamente. Temos um preço muito baixo e penso que aumentar é uma medida que devia ser feita. Ainda mais na fase que o país atravessa, isso tem influência. Também devíamos fazer que uma parte do que o governo recebe em impostos devesse ser gasto na prevenção. O que é gasto é uma percentagem muito baixa em todo o mundo.

Outra medida que não adotámos são embalagens sem marca.

Devíamos tomar todas as atitudes quando sabemos que qualquer uma delas tem impacto. Hoje as empresas não podem fazer publicidade na maior parte dos países. Fazem nos maços. Assim não há qualquer tipo de publicidade. Descaracterizar faz que os maços não sejam tão apelativos. E mais uma vez focarmo-nos nos mais novos, mostrar que não é um hábito agradável.

Como estamos de consultas de cessação tabágica?

Em termos de consultas hospitalares há uma boa cobertura do país, só com o Alentejo mais a descoberto. Mas onde tem de haver consultas é nos centros de saúde, que conhecem os utentes e os podem acompanhar frequentemente e têm a possibilidade de fazer aconselhamento mantido. Em 2007 criaram-se muitas consultas, mas a maioria fechou. A DGS está a fazer um esforço para reabrir consultas. A motivação é fundamental para deixar de fumar. É fundamental que existam consultas para dar resposta à procura. Assim como é importante a comparticipação da medicação de cessação tabágica.

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