Roberto Lucena: "Temos outras formas de turismo crescentes em São Paulo além dos negócios"
Qual o propósito desta visita a Lisboa e Madrid?
Estamos começando um diálogo com a Europa no sentido de promover todo o estado de São Paulo como um destino turístico. Os primeiros movimentos têm sido muito positivos. Já fechamos uma parceria com a TAP nesse sentido, companhia que já transportou entre São Paulo e Brasil mais de meio milhão de passageiros até setembro deste ano. Se somarmos Latam e Azul, são mais de 900 mil. Queremos aumentar o número de voos para São Paulo, como está previsto no acordo com a TAP.
Porque a escolha de Portugal como primeiro local da Europa?
Principalmente por causa da nossa identificação histórica e cultural e porque Portugal é a porta da Europa. O país é o nosso quinto maior mercado emissor de turistas, temos um grande potencial pelas raízes portuguesas e pelos laços em comum. Podemos desenvolver ainda mais as nossas relações. Temos desenvolvido essas parcerias, como a da TAP e uma grande conectividade com o país. O câmbio também favorece muito quem vai da Europa fazer turismo no Brasil.
São Paulo é muito conhecida mundialmente como um destino de negócios. O que mais o governo quer promover como atração turística no estado?
A cidade de São Paulo apareceu recentemente na Bloomberg como o 33º destino mais desejado do mundo, o 3º em gastronomia e o 4º em cultura. Ela aparece inclusive na frente de Nova Iorque e Londres. É claro que nós nos orgulhamos da cidade, que é pujante, uma das capitais do mundo, com o turismo de negócios muito forte. Mas, temos também, de maneira crescente, outros formatos se desenvolvendo. Temos uma grande gastronomia e agenda cultural, nos orgulhamos dessa São Paulo vibrante. Ao mesmo tempo, nos orgulhamos desta São Paulo vibrante que além da capital, somos mais 644 municípios, 70 estâncias turísticas e 201 municípios turísticos no estado. Ou seja, é muito plural, com um cardápio muito diversificado e faz sentido que possamos mostrar que, além dos eventos corporativos e tradicionais como a Fórmula 1, temos essas atrações.
Enquanto cidadão nascido em São Paulo, qual roteiro indica para um turista europeu?
Acho que precisa começar pela capital, é o primeiro destino. Depois, temos muitas opções, como Campos do Jordão, um dos lugares mais aconchegantes e charmosos, é o nosso turismo de montanha. Temos também o turismo natural, com a maior reserva de mata atlântica preservada do país e nesta reserva, o Vale do Ribeira, temos o Caminho do Peabirú, um dos mais antigos da América do Sul e uma série de atrativos como praias paradisíacas.
Um dos principais destinos que o governo tenta promover é o Litoral Norte. Porque um turista europeu escolheria esta região em vez do Rio de Janeiro ou das praias do Nordeste?
Primeiro, porque tem a melhor infraestrutura do país. O turista está a uma hora e meia do Aeroporto Internacional de Guarulhos e dali vai para qualquer lugar. No litoral temos as praias mais preservadas do Brasil, além de um turismo de mergulho e aventura. Claro que no Nordeste também existem praias maravilhosas, mas no nosso litoral temos uma logística de São Paulo e uma infraestrutura incomparável.
São Paulo é um estado grande e abriga o maior aeroporto da América Latina. Mas em relação a outros meios de transportes, o que está planeado para fomentar o turismo?
Já temos o melhor modal que é o rodoviário. Mas nós também temos um projeto muito audacioso e ambicioso de revitalização de toda a nossa linha ferroviária no estado. O governador Tarcísio de Freitas foi ministro de Infraestruturas e foi quem praticamente ressuscitou esse modal de ferrovia nacional. Ele tem um grande plano de expansão e também estamos desenvolvendo um plano estadual de turismo ferroviário.
Na Europa, o tema da sustentabilidade é bastante valorizado. Há quem tenha o tema como premissa para escolha do destino. De que forma São Paulo se enquadra neste sentido?
Nosso litoral é um destino natural, com natureza exuberante e o Vale do Ribeira uma reserva muito importante. O que a Amazónia é para o Brasil o Vale do Ribeira é para o estado de São Paulo e Paraná. Temos 92% de área de preservação ambiental. Ali estão também algumas das cidades mais antigas do país, como Cananéia, onde ficam cavernas muito conhecidas. Temos ainda quilombos preservados, locais onde os escravos alforriados ou fugidos ficavam.
O turismo corresponde a quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado de São Paulo. Qual a perspetiva futura?
Já temos uma média maior do que a nacional, que é de 6% a 7%, já estamos quase em 10%. Como identificámos um grande potencial turístico no estado de São Paulo, em várias frentes, acreditamos que teremos um aumento rápido no que diz respeito ao aumento da participação do turismo no PIB.
Como está a relação da Secretaria do Turismo com a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), que é comandada pelo governo Lula da Silva?
É a melhor possível. Não há oposição, porque somos todos do partido do turismo. Eu e o Marcelo Freixo [presidente da Embratur] temos uma relação fraterna, fomos deputados juntos e trabalhamos muito bem em conjunto. Acho que ele conseguiu montar um time com muita qualificação e competência técnica. A Embratur vive um bom momento, com uma boa agenda e o nosso trabalho conjunto está perfeitamente alinhado.
Muitos municípios pequenos possuem grande potencial turístico, mas não têm recursos para investir no turismo. O que o governo de São Paulo tem feito neste sentido?
Temos uma política de fomento aos municípios turísticos que é incomparável. Nós repassamos do tesouro estadual recursos para investimento em obras e infraestruturas nos municípios. Além disso, o governador liberou recentemente 400 milhões de reais para novos convénios com as cidades e o maior programa de crédito para o turismo do Brasil, que inclui a também a iniciativa privada. Estamos falando de quatro mil milhões de reais até 2026. Nosso intuito é fomentar e incentivar o turismo, apoiando os pequenos municípios a desenvolverem essa economia.
Aqui fora ainda existe a ideia de que o Brasil não é um destino seguro. O que o senhor pensa acerca disto?
A insegurança existe em todo o mundo. No Brasil, São Paulo é um dos estados mais seguros. É possível que existam situações pontuais. A impressão que eu tenho, é que, muitas vezes, são potencializados esses episódios pontuais que acontecem em diversas regiões do Brasil. No nosso estado, faz parte da nossa agenda e do compromisso do governo, tornar São Paulo cada vez mais seguro. No momento, estamos empenhados, em conjunto com as autoridades municipais da capital, na revitalização do Centro da cidade. Um dos elementos é tornar mais seguro tanto para quem mora, trabalha ou visita São Paulo.