Teerão exige aos EUA que cumpram acordo nuclear após críticas de Tillerson
O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Mohammad Javad Zarif, afirmou ontem que os Estados Unidos "têm de cumprir os seus compromissos" no quadro do acordo sobre o programa nuclear do regime de Teerão assinado em 2015. A posição de Zarif constituiu uma primeira resposta do Irão às críticas proferidas na noite de quarta para quinta-feira pelo secretário de Estado Rex Tillerson, que acusou aquele país de conduzir uma campanha "inquietante de provocações" para desestabilizar o Médio Oriente.
Para Zarif, "as estafadas acusações dos EUA não conseguem esconder" o facto de o Irão estar a cumprir o acordo. A sua assinatura é criticada pelos setores mais radicais do regime iraniano, que o definem como uma capitulação perante as potências ocidentais. O acordo previa o fim das sanções internacionais a Teerão em troca da suspensão do programa nuclear.
Numa carta ao presidente da Câmara dos Representantes, Paul Ryan, o secretário de Estado dos EUA refere que o Irão está a comportar-se como um Estado que patrocina atos terroristas e reafirmou a intenção da Administração Trump rever a sua orientação nas relações com Teerão. Mas admitiu, por outro lado, que os iranianos têm cumprido, até agora, o disposto no acordo sobre o seu programa nuclear que envolveu, além dos EUA e do Irão, a Alemanha, China França, Reino Unido e Rússia.
A carta de Tillerson é parte do procedimento que a presidência está obrigada a cumprir, a cada três meses, fazendo o ponto de situação sobre o cumprimento pelo Irão do disposto no acordo. E se neste ponto, Tillerson fez um balanço positivo, por outro lado, indica que Teerão apoia financeiramente o Hezbollah libanês, cujas forças estão a combater ao lado do regime de Bashar al-Assad, têm conselheiros militares no Iraque e está ativamente envolvido no conflito no Iémen.
Em declarações posteriores aos jornalistas, Tillerson referiu que o próprio acordo sobre o nuclear iraniano será reavaliado pela Administração Trump. O secretário de Estado americano afirmou que o documento assinado em 2015 falhou no "objetivo de um Irão desnuclearizado e está apenas a retardar o momento em que se vai tornar um Estado nuclear". Para Tillerson, que estabeleceu um significativo paralelo, se o Irão não for vigiado de perto pode transformar-se numa segunda Coreia do Norte. No entanto, em nenhum momento, deixou qualquer indicação de que a Casa Branca pretende desvincular-se do acordo. Um sinal mais claro das intenções de Trump poderá surgir já em maio quando a Administração têm de confirmar a suspensão das sanções que foram aplicadas pelos EUA. Durante a campanha, Trump criticou o acordo, classificando-o como "o pior alguma vez negociado".
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