Teddy Riner, o insaciável gigante francês que domina os tatâmis

Com 2,04 metros e 140 quilos, judoca nascido em Guadalupe venceu no último domingo o Grande Prémio de Zagreb e elevou para 138 o número de vitórias consecutivas desde 2010
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Se pensarmos numa lista dos atletas mais dominadores dos respetivos desportos, há nomes incontestáveis: Michael Jordan, no basquetebol, Michael Phelps, na natação, Floyd Mayweather, no pugilismo, ou Usain Bolt, no atletismo, são todos eles mais ou menos óbvios. Mas nenhuma lista do género pode estar completa sem o nome de Teddy Riner, o judoca francês que domina os tatâmis mundiais com uma superioridade incontestável.

Poucos recordes no universo do desporto são tão impressionantes quanto o que ostenta este gigante nascido na ilha caribenha de Guadalupe (território ultramarino francês) há 28 anos, durante umas férias dos pais. Com a vitória, no último domingo, na final do Grande Prémio de Zagreb, na Croácia, Riner aumentou para 138 o número de combates ganhos de forma consecutiva desde 2010, data da sua última derrota num tatâmi - no Japão, frente a um judoca japonês e com decisões de arbitragem bem controversas.

Com 2,04 metros e 140 quilos, a envergadura do francês é, naturalmente, um bom argumento para embrulhar a lenda, mesmo numa categoria de peso (+ 100 kg) em que os outros competidores são quase todos eles também de respeitável tamanho. "Riner é um pesado diferenciado, foi ele que catapultou essa nova característica de os pesos-pesados passarem a ser bem mais altos e fortes, sem serem tão gordos. Mudou muito o biótipo da categoria [+100 kg]. Mudou para mais movimentação, mais golpe, mais finalizações. Foi ele que começou com tudo isso", reconheceu o brasileiro Rafael Silva, bronze no último campeonato do mundo, em Budapeste (Hungria), no início de setembro, onde Riner ganhou mais uma vez.

Esse foi o nono título mundial do judoca francês e oitavo consecutivo na categoria de +100 kg desde que em 2007 se tornou, no Rio de Janeiro, o mais jovem campeão mundial de sempre, então com apenas 18 anos. A única derrota de Riner em mundiais seniores foi na categoria open (sem restrições de peso), frente ao japonês Daiki Kamikawa, no mundial do Japão em 2010, nesse que permanece como o último combate perdido pelo gigante.

Daí para cá, Riner, que apesar de indestrutível num tatâmi é conhecido pela alcunha de Teddy Bear (famoso urso de peluche), pelo sorriso e a simpatia cultivados fora de competição, construiu uma saga de invencibilidade que teve em Zagreb mais uma demonstração, no passado fim de semana, com a conquista do grande prémio local. Numa rara presença em eventos do World Tour (Riner faz aparições limitadas no circuito, resguardando-se sobretudo para as grandes competições), nem precisou de estar ao melhor nível técnico para ganhar a competição na capital croata, batendo na final, por ippon [o KO no judo], o jovem húngaro Stephan Hegyi, que impediu o reencontro do francês com o seu último carrasco, o japonês Kamikawa, derrotado nas meias-finais.

Este foi o 13.º título em provas do World Tour que Teddy Riner juntou a um palmarés onde constam nove títulos mundiais, cinco europeus e dois olímpicos, além de vários outros troféus de menor importância.

Apesar de toda uma carreira de sucessos, é no entanto uma derrota que Teddy Riner elege como o mais marcante combate da sua vida. Aconteceu quando tinha apenas 16 anos e teve de defrontar o irmão na final de um torneio. "Eu estava habituado a ganhar-lhe sempre nos treinos e facilitei, pensei que já estava ganho. Pois em cinco segundos ele derrubou-me e ganhou. Desde esse dia não menosprezo qualquer adversário", contou o campeoníssimo francês à CNN.

Há, no entanto, uma luta que o gigante Teddy Bear ainda não conseguiu ganhar: "Colocar o judo em todas as televisões como um dos desportos mais populares do mundo. É um desporto maravilhoso e merece." Talvez nem a força dos seus 2,04 metros e 140 quilos sejam suficientes para isso, mas ele promete continuar a tentar.

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