Taxa de desemprego de Portugal é a segunda que mais alastra na Europa

Aumento é o maior desde o verão (julho) de 2013. Pior só na Lituânia, no Luxemburgo e na Suécia.
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Portugal é dos países da União Europeia com sinais mais agudos de degradação do mercado de trabalho neste arranque de 2020 (janeiro). Os dados foram ontem revelados pelo Eurostat.

Portugal registou a segunda maior subida (da Europa) ao nível da taxa de desemprego total entre janeiro de 2019 e igual mês deste ano. A incidência do fenómeno afetava 6,6% da população ativa no início do ano passado e atualmente a taxa já vai em 6,9% (mais três décimas percentuais). A intensidade do desemprego só piorou mais na Lituânia, no Luxemburgo e na Suécia (todos com um aumento de 0,5 pontos percentuais).

Esta subida homóloga da taxa de desemprego nacional, calculada pelo DN/Dinheiro Vivo a partir de números originalmente apurados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e comunicados ao Eurostat, é a maior desde o verão (julho) de 2013, estava Portugal a tentar sair de uma grave crise económica e social, e envolvido num programa de resgate e de austeridade.

A expansão do número de desempregados em Portugal também é das maiores da Europa, atualmente. Os dados do Eurostat mostram que é a terceira mais penalizadora, tendo aumentado 5,6% em janeiro face a igual mês de 2019. Uma vez mais, Lituânia (10,1% de aumento), Suécia (7,8%) e Luxemburgo (6,3%) lideram este ranking.

Portugal ganha assim mais 19 mil desempregados em apenas um ano, tendo agora um total de 369 mil casos.

Quinto maior desemprego jovem

O desemprego jovem também voltou a aparecer depois de anos de alívio. Portugal tem agora a quinta maior taxa de desemprego jovem da Europa (19,3%) na sequência da quarta maior subida entre janeiro de 2019 e o primeiro mês deste ano no conjunto da UE. A taxa deteriorou-se cerca de 1,8 pontos percentuais, naquele que é o maior aumento desde maio de 2013. O número de jovens (menos de 25 anos) sem trabalho disparou mais de 9%, totalizando 72 mil casos em janeiro.

Em Portugal, o desemprego está a alastrar sobretudo entre os homens. As mulheres têm uma taxa superior, mas esta até desceu em janeiro.

Estes dados são consistentes com os sinais de abrandamento na criação de emprego e de forte subida do desemprego revelados pelo INE no inquérito do quarto trimestre.

Tal como escreveu o DN/Dinheiro Vivo há cerca de um mês, a taxa de desemprego oficial portuguesa terminou o ano a subir de forma pronunciada após muitos trimestres de queda. O peso do desemprego agravou-se de 6,1% no terceiro trimestre para 6,7% no último trimestre do ano passado.

Outro sinal desfavorável vem dos despedimentos coletivos, uma realidade que voltou a emergir. O número de despedimentos coletivos subiu em 2019, pelo segundo ano consecutivo, até aos 3616 casos, indicam dados da Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT).

A região mais fustigada (em 2019) é o norte do país, onde 123 empresas conseguiram concluir os respetivos processos de despedimento coletivo. Ficaram sem trabalho 1506 pessoas, mais 80% do que em 2018. O norte arcou assim com 42% do total de despedimentos.

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