TAP contrata mil tripulantes, traz 37 aviões novos e liga o WhatsApp (de graça) a bordo
"Num voo de 12 horas, é importante ficar ligado" e por isso mesmo a TAP vai oferecer o serviço de mensagens aos seus passageiros. Ao mesmo tempo que anunciou uma nova rota para as Américas, desta vez com destino em São Francisco - ligado a partir do dia 10 de junho de 2019, Dia de Portugal, com cinco frequências semanais -, o acionista David Neeleman revelou que a companhia vai oferecer a ligação ao WhatsApp a bordo, passando ainda a disponibilizar pacotes de rede de internet a preços "muito competitivos".
É uma estreia que a TAP se orgulha de apresentar: nos voos da companhia aérea portuguesa vai ser possível estar sempre ligado. "Somos os primeiros no Atlântico a permitir um serviço de mensagens gratuito durante todo o voo, através de wi-fi a bordo e sem custos. Não há nada mais importante do que poder conectar-se e a TAP fez um investimento grande para dar isso aos seus clientes. Além do serviço gratuito de WhatsApp, quem quiser pode comprar pacotes de dados a um preço muito bom", adiantou o presidente da companhia, Antonoaldo Neves. "É a nova era digital da TAP."
No jantar de Natal da TAP, que reuniu acionistas privados, comissão executiva e jornalistas, o acionista de referência confirmou ainda que "a última aeronave velhinha vai desaparecer no próximo ano", cumprindo-se os planos de renovação da frota que passam pela chegada de 37 aviões a estrear já em 2019.
De resto, os novos aviões permitirão até baixar o preço dos bilhetes. De acordo com o CFO da TAP, Raffael Alves, "os novos aviões permitirão uma poupança brutal: os A320 a rondar os 20% menos de consumo de combustível, os A330 com 10% menos, mas com mais 30 lugares. Isto representa quase 30 milhões de euros a menos no orçamento do ano que vem", precisou. E isso ajudará a reduzir também as tarifas médias, sublinha David Neeleman.
Antecipando que "há uma lista de 40 destinos novos para anunciar nos próximos cinco anos", o presidente da TAP, Antonoaldo Neves, destacou a agradável surpresa que se revelaram as rotas de Telavive, Boston e Nova Iorque. E David Pedrosa revelou que as contratações vão manter o ritmo em 2019 e em seguida abrandar mas não parar. "Entre 2018 e 2019, a TAP terá contratado cerca de 500 pilotos e mil tripulantes de cabina", precisou o administrador executivo.
"Sei da importância que a TAP tem para Portugal e queremos fazer dela a melhor companhia que for possível", assegurou ainda David Neeleman. "Depois de termos passado momentos difíceis, queremos levar a TAP ao lugar que ela deve ter no mercado", concordou o acionista português, Humberto Pedrosa.
Ainda que a ocasião fosse para destacar o melhor, também houve abertura para falar dos problemas da TAP - desafios, como prefere identificá-los Antonoaldo Neves, que se materializam em questões de pontualidade e nos cancelamentos a que assistimos neste ano. "Nós tínhamos menos pilotos do que precisávamos, estávamos dependentes da boa vontade do pessoal para trabalhar em dias de folga ou férias, e isso não é sustentável." Uma realidade que já se alterou quer graças às negociações com os sindicatos quer sobretudo pela contratação de pilotos e tripulantes.
E mesmo que o presidente da companhia admita que há ainda "muitos desafios" pela frente para pôr a pontualidade média nos 80% (hoje está nos 60%), garante que sem uma estratégia apoiada pelos acionistas e que permitiu dar incentivos aos colaboradores para todos remarem para o mesmo lado não teria sido possível atingir as melhorias já alcançadas. "O índice de satisfação do cliente está em máximos históricos, não temos cancelamentos desde agosto e os atrasos estão a diminuir, mas sem as questões do aeroporto estarem resolvidas não será possível atingirmos a fasquia que desejamos", avisou Antonoaldo.
E se Neeleman destaca o "trabalho incrível desenvolvido em três anos de privatização", o presidente da companhia, Antonoaldo Neves, confirma-o, destacando "as promoções que já estamos a fazer de centenas de chefes de cabina, a contratação de 320 pilotos e mais tripulantes até fevereiro (grande parte já cumprida) e a continuação das contratações daqui em diante, para adaptar a companhia ao crescimento, além da paz social conseguida na empresa, com acordos estabelecidos com praticamente todos os sindicatos para os próximos cinco anos".
No encontro que teve lugar na sede da Cateringpor (empresa responsável pelo catering da TAP), os líderes da companhia aérea portuguesa traçaram um balanço "muito positivo do último ano" e planos para um futuro ambicioso, que já começa a concretizar-se. "Atingimos a marca histórica de 16 milhões de clientes neste ano e contamos crescer 10% a 15% no próximo", antecipou Antonoaldo Neves, sublinhando a grande oportunidade oferecida pelos 37 novos aviões que se juntam à operação da TAP em 2019. "Nem a Airbus conhece nenhuma companhia que tenha trocado tanto na frota em tão pouco tempo como nós: é uma renovação de cerca de 80% até ao próximo ano", precisou o presidente da companhia, com o acionista David Neeleman a secundá-lo: "Felizmente, a última aeronave velhinha vai desaparecer daqui neste ano!"
Falando no resto da operação da TAP e mais especificamente do problema da TAP Manutenção Brasil, o presidente da companhia antecipou ainda que a VEM deverá já chegar a lucros operacionais de mais de três milhões de euros no próximo ano, depois de atingir o break even ainda em 2018 - "com um pequeno lucro até, excluindo custos extraordinários". Boas notícias, uma vez que o penoso sangramento da VEM durante os últimos anos tem impedido a TAP de solidificar resultados positivos.
Acionistas e equipa executiva da TAP garantiram ainda que as relações com Angola estão normalizadas - "conseguimos repatriar já quase 70% dos recursos que estavam lá presos" - e até se prevê um reforço de frequências para Luanda.
De resto, a TAP voltou a ser uma empresa com capacidade de se financiar na banca internacional, orgulharam-se os responsáveis. Quanto ao pagamento do crédito contraído nomeadamente para a compra dos novos aviões, "começará a ser pago a partir de março", garantiu Antonoaldo. "São cerca de 120 milhões que começamos a pagar, em média, em tranches de dez/mês."