Tancos: Relatório conclui que Exército não deu prioridade aos paióis até 2016

Lisboa, 31 mai 2019 (Lusa) -- O relatório preliminar da comissão de inquérito ao furto de material de guerra de Tancos responsabiliza o Exército pela degradação dos paióis e sublinha que só em 2016 se iniciou o processo de reabilitação.
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Segundo as conclusões do relatório preliminar, só em 2016 [o ex-chefe do Estado-Maior do Exército general Rovisco Duarte tomou posse em abril de 2016] foi iniciado o "processo de reabilitação dos paióis", preocupação "acompanhada com decisões, de prazo curto, por parte do Ministério da Defesa Nacional".

O relatório aponta falhas ao então comandante das Forças Terrestres, general Faria Menezes, que se viria a demitir, afirmando-se nas conclusões que a "preocupação da estrutura de Comando das Forças Terrestres era a salvaguarda dos comandos das unidades e não o apuramento das responsabilidades".

O documento, que foi hoje apresentado na comissão parlamentar de inquérito pelo deputado relator, Ricardo Bexiga, tem 170 páginas e termina com as conclusões e 35 recomendações.

A infraestrutura e os equipamentos dos paióis foram-se "degradando ao longo de mais de uma década" sem que, até 2016, "se tivessem tomado medidas no seio da estrutura do Exército" para a sua recuperação, considera o relator.

A degradação era "notória" ao nível das vedações, dos espaços de aquartelamento, iluminação, dos postos de vigia, dos sistemas de alarme, dos sensores de movimento e de videovigilância e até dos sistemas de segurança contra incêndios, refere.

Até 2015, estas situações foram do conhecimento dos chefes de Estado-Maior "sem que para tal tivessem assumido medidas urgentes" e que antes de 2016 "nada foi reportado aos titulares da pasta da Defesa Nacional".

Para o relator, "não tinha justificação plausível a falta de atenção ao reforço dos procedimentos de segurança", verificando-se que esta questão "não era uma prioridade".

Nos dias a seguir ao furto, que ocorreu em 28 de junho de 2017, o Exército "não conseguiu identificar o período e a forma em que se verificou a intrusão" no perímetro de Tancos e o Comando das Forças Terrestres [liderado à altura pelo general António Faria Menezes] "não teve um comportamento uniforme na informação a todo o Exército do acontecido nem determinou, com critério, as orientações para o reforço da segurança".

O relatório aponta ainda que "houve por parte do pessoal que estava de serviço uma desvalorização da ocorrência e uma tentativa de eliminação de provas".

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