O único troféu que falta ao FC Porto entra na fase de decisões

Sporting, Sp. Braga, FC Porto e V. Guimarães disputam final four da prova e lutam por um lugar na final de sábado. Dragões e vitorianos procuram primeiro triunfo na competição que vai na 13.ª edição.
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No museu do FC Porto há centenas de troféus expostos mas continua a faltar um que desde 2007 foge continuamente aos dragões. Só durante o reinado de Pinto da Costa, que dura desde 1982, o clube somou um total de 60 taças no futebol (21 campeonatos, 20 Supertaças, 12 Taças de Portugal, 2 Ligas dos Campeões, 2 Taças Intercontinentais, 1 Taça UEFA, 1 Liga Europa e 1 Supertaça Europeia). Mas continua a faltar nas vitrines do museu dos dragões a Taça da Liga.

A final four da 13.ª edição da Taça da Liga arranca nesta terça-feira em Braga. Os arsenalistas defrontam nesta terça-feira o Sporting (19.45, SportTV1), na quarta é a vez de V. Guimarães e FC Porto medirem forças (19.45, SportTV1). Os vencedores destes dois jogos apuram-se para a final que se realiza no sábado e que vai designar o denominado campeão de inverno. Este sistema de final four só entrou em vigor na época 2016-17, quando a prova sofreu uma remodelação para ganhar uma nova dinâmica e chamar a atenção de novos patrocinadores, após anos em que a sua realização chegou a estar em risco.

O clube que mais vezes conquistou esta prova que arrancou em 2007 (ainda Hermínio Loureiro estava à frente da Liga) foi o Benfica (sete vezes), que neste ano, contudo, não passou da fase de grupos. Das quatro equipas apuradas para a final four, Sporting e Sp. Braga já venceram o troféu - os leões nas duas últimas edições; os arsenalistas em 2012-13. FC Porto e V. Guimarães procuram o primeiro triunfo na competição. O vitorianos nunca chegaram a uma final, enquanto os dragões estiveram por três vezes no jogo decisivo, mas saíram sempre derrotados, a última na época passada, quando perderam no desempate por grandes penalidades.

A Taça da Liga, uma espécie de patinho feio das competições nacionais, prova na qual a maioria dos treinadores aproveita para apostar em jogadores menos utilizados e lançar jovens, chegou a ser minimizada por Pinto da Costa, que a apelidou de 'taça da cerveja', numa alusão ao patrocinador da competição nos primeiros anos. E em 2012, após ser eliminado pelo Benfica, o líder portista chegou a desabafar: "Desta Taça da Liga já estamos livres."

A história do FC Porto com esta prova, aliás, nasceu torta logo de início. Na estreia na competição, em 2007, ainda num formato a eliminar, os dragões ficaram de fora logo no primeiro jogo, após perderem com o secundário Fátima, treinado por Rui Vitória, no desempate por penáltis. Além de terem perdido três finais, o FC Porto caiu duas vezes nas meias-finais. Os dragões chegaram a estar 1053 dias (um total de oito jogos) sem conseguir vencer um jogo na competição, uma malapata quebrada na época 2017-18, na receção ao Leixões, com um triunfo por 3-0.

O adversário do FC Porto nesta quarta-feira é o Vitória de Guimarães, que está de regresso às meias-finais 10 anos depois. Em 2008/09, os vitorianos, então comandados por Manuel Cajuda, foram derrotados pelo Benfica, que viria a conquistar essa edição da Taça da Liga. Esta época, o conjunto orientado por Ivo Vieira deixou pelo caminho precisamente os recordistas de troféus da Taça da Liga, num grupo B no qual somou duas vitórias, com Vitória de Setúbal e Sporting da Covilhã, e um empate, diante dos encarnados.

"Vamos lutar pelo objetivo que é ganhar [a Taça da Liga]. Há uma meia-final antes. Vamos lutar com todas as forças para chegar à final. Espero uma presença massiva dos nossos adeptos [em Braga], porque nós lutamos por eles e eles por nós", assumiu recentemente o treinador do V. Guimarães, Ivo Vieira.

Leões com ambição máxima e Sp. Braga a pensar no fator casa

O Sporting entra já nesta terça-feira em campo contra o Sp. Braga. Já fora da Taça de Portugal e com o campeonato praticamente hipotecado (a distância para o Benfica é atualmente de 19 pontos), os leões, que se mantêm também na Liga Europa, veem nesta prova uma possibilidade de conquistarem nesta época um troféu, à semelhança do que aconteceu nas duas últimas temporadas.

"A Taça da Liga é uma competição em que nos honra muito participar e ganhar é a ambição máxima do Sporting em cada competição. Só há um objetivo para esta competição, que é vencer, mas primeiro teremos de ganhar o acesso à final. É uma competição que teve uma primeira fase e agora estamos focados em ganhar o jogo de amanhã", disse Emanuel Ferro, adjunto do Sporting.

"O Sp. Braga vai ter a mesma intenção que nós. É uma meia-final que decide quem estará na final e o Braga tem feito uma época muito boa e a responder da melhor forma em todas as situações. A alteração de treinador traz uma alteração de ideia de jogo, que conhecemos e preparámos, mas estamos concentrados no nosso jogo", acrescentou.

Já o treinador adjunto do Sporting de Braga, Micael Sequeira, descartou que a sua equipa seja favorita diante do Sporting, na primeira meia-final da final four da Taça da Liga de futebol, mas assumiu que seria uma "desilusão" não ir à final.

"Não pensamos dessa forma em relação ao favoritismo. É um jogo importante perante um adversário muito difícil e estamos muito motivados e confiantes de que a nossa identidade de jogo nos permita levar à final. Claro que sendo a última final four na nossa cidade, sabemos que uma vitória diante do Sporting implica discutir um título com os nossos adeptos e isso seria fantástico. Não atingir a final seria uma desilusão", disse Micael Sequeira.

O adjunto de Rúben Amorim rejeitou ainda euforias pelo facto de o Sp. Braga ter ganho na sexta-feira ao FC Porto em pleno Estádio do Dragão, em jogo a contar para o campeonato: "Foi uma vitória importante, mas nada mais do que isso. Reagimos de uma forma natural e ponderada, porque foram apenas mais três pontos. Trabalhamos de uma forma perfeitamente normal."

Muitas polémicas desde a primeira edição

A Taça da Liga tem sido marcada ao longo dos anos por várias polémicas. A última aconteceu na final do ano passado, entre o FC Porto e o Sporting, que os leões venceram no desempate por grandes penalidades. Na hora de receberem as medalhas na tribuna, Diamantino Figueiredo, adjunto de Sérgio Conceição, tentou agredir um adepto com a medalha de finalista vencido. Na altura, apesar de lamentar o incidente, Conceição criticou a Liga por ter obrigado as equipas a subir a um setor das bancadas que estava recheado de adeptos do Sporting e garantiu que a comitiva azul e branca foi insultada e alvo de cuspidelas pelos adeptos rivais.

"É mau para a equipa que perde ter de subir uma escadaria enorme onde estão os adeptos adversários. É uma situação a rever pela Liga. Palavrões eu também digo, mas o insulto gratuito e as cuspidelas já não existem, não fazem parte do futebol. E nós levámos todos com isso. Isso não foi bem feito. Levar com insultos, cuspidelas, todo o tipo de 'mimos' dos adeptos do Sporting... para nós não era fácil ficar à espera da entrega da taça a levar com isqueiros, moedas e não sei mais o quê. Foi por isso. É bonito? Não é", referiu Sérgio Conceição, justificando assim o facto de os portistas não terem esperado pela cerimónia de entrega do troféu ao Sporting.

Mas houve mais polémicas, a começar logo na final da segunda edição da prova, em 2007-08, quando o brasileiro Pedro Silva, jogador do Sporting, atirou para o relvado a medalha correspondente a finalista vencido, em protesto contra o árbitro Lucílio Baptista, que assinalou uma grande penalidade que permitiu ao Benfica empatar (1-1) o jogo e levar a decisão para as grandes penalidades (as águias acabariam por vencer). "Para que quero a medalha? Deem-na a ele [árbitro], a esse ladrão. Isto é uma brincadeira. Não foi penálti. Que o meu filho morra se foi penálti", atirou o defesa.

Ainda nesta mesma edição, deu-se o primeiro caso relacionado com os regulamentos da prova e com a média de idades. Portimonense, Académica e Beira-Mar ficaram em igualdade pontual no grupo, todos com dois pontos e sem golos marcados e sofridos. O regulamento determinava que o vencedor fosse o clube que tivesse utilizado o conjunto de jogadores com média de idades mais baixa. O Portimonense-Académica da última jornada continuava 0-0 quando Litos, treinador dos algarvios, colocou o guarda-redes Sapateiro, na altura com 19 anos, no lugar de Pedro Silva, que estava na baliza e era 16 anos mais velho. A substituição permitiu baixar a média de idades para 24,556, contra 24,682 da Académica e 25,474 do Beira-Mar.

No final do jogo, o Portimonense fez a festa convencido da qualificação, mas a Académica, treinada por André Villas-Boas, protestou, contestando o critério da média de idades e considerando que os regulamentos não esclareciam a fórmula a utilizar nem a razão de o Portimonense vencer o grupo, defendendo que a média de idades devia ser calculada jogo a jogo. Os estudantes apresentaram recurso e foi-lhes dada razão pelo Conselho de Justiça e, por isso, seguiram em frente.

Na edição de 2012-13, nova bronca e também relacionada com os regulamentos, com o V. Setúbal a protestar um jogo contra o FC Porto, a 9 de janeiro de 2013, por os dragões terem utilizado Fabiano, Abdoulaye e Sebá, que menos de 72 horas antes haviam jogado pela equipa B portista, algo irregular à luz dos regulamentos e que até tinha resultado na perda de pontos do Sporting de Braga B, por questão semelhante que envolveu o seu jogador Emídio Rafael. No entanto, o FC Porto, que tinha ganho por 1-0 (golo de João Moutinho de penálti), alegou em sua defesa que os regulamentos eram apenas referentes a jogos das I e II Ligas e não da Taça da Liga e foi-lhe dada razão pelo Conselho de Disciplina, decisão ratificada pelo Conselho de Justiça.

Em 2013-14, à entrada para a última ronda da fase de grupos, Sporting e FC Porto discutiam o apuramento para as meias-finais em igualdade pontual e, caso ambos vencessem, os leões só se classificariam se conseguissem uma diferença em relação aos portistas de pelo menos dois golos. O clube de Alvalade venceu o Penafiel por 3-1, enquanto o FC Porto estava igualado a dois golos com o Marítimo com a partida já nos descontos. Mas ao 90'+4, Josué deu o triunfo aos dragões, de penálti, que deu o apuramento aos dragões. Problema? O Sporting insurgiu-se contra o facto de o FC Porto-Marítimo ter começado dois minutos e 43 segundos depois do Penafiel-Sporting. Bruno de Carvalho ainda recorreu, mas não foi dada razão ao Sporting.

Já nesta época, depois de ter perdido com o Sporting, o Portimonense contestou o jogo, justificando que os leões apresentaram apenas um jogador formado localmente e que os a regulamentos da prova obrigam a que estejam dois em campo desde o apito inicial. Em causa estava o facto de os algarvios colocarem dúvidas sobre a formação local de Bruno Fernandes. Mas a Liga, contudo, reconheceu a Bruno Fernandes o estatuto de jogador formado localmente e a queixa foi arquivada pelo Conselho de Disciplina da federação.

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