A exposição Symbiosis, de Sofia Arez, arrancou na passada quinta-feira no Museu Nacional de História Natural e da Ciência e vai ficar patente até dia 13 de dezembro. Uma exposição que mostra a ligação entre a natureza e a arte, dedicada aos líquenes - seres vivos formados por fungos..Numa atmosfera intimista, com pouca luz, numa das salas do museu, a artista portuguesa quer dar a conhecer o reino dos líquenes, fungos e musgos, encontrados pela própria em rochas, árvores, muros e penhascos. A artista trabalhou com os investigadores do museu e teve o apoio de Palmira Carvalho, investigadora na área dos líquenes.."À medida que vamos entrando neste universo dos fungos, vamos aprendendo com os cientistas da área. Tive de escrever num caderno qual o cheiro e o sabor, independentemente de ser tóxico. Provar e cuspir a seguir. Isso é tudo importante para os identificar",explicou Sofia Arez em conversa com o DN..Segundo a artista, os quadros são todos pintados a aguarela em papel para recriar a leveza que as algas têm e para existir profundidade nas pinturas..Apenas uma das obras é pintada a óleo numa tela, em que representa três líquenes: um mais antigo, musgo e um outro mais avermelhado. "Escolhi a tela porque é um meio que aguenta uma dimensão maior. Só este é que está pintado assim porque tem três formas diferentes.".Inicialmente a exposição era para se chamar Os Micro Planetas, avança, "porque os líquenes vivem do ar da atmosfera e regeneram-se a si próprios". "Por outro lado, parece que estão quase a pairar assim na simbiose e foi por isso que optámos para este nome. Achei que descrevia bem o universo que é de duas ou mais vidas dentro do líquen.".Simbiose, ou neste caso, Symbiosis, foi uma palavra criada pelo botânico alemão Albert Frank, em 1887, para descrever a convivência dos organismos que constituem os líquenes..Uma curiosidade da exposição: cada pintura tem o nome científico do líquen representado. Segundo Sofia Arez e Palmira Carvalho, a linguagem popular vai inventando nomes para os líquenes baseado em contos, histórias e lendas. Por exemplo, uma das obras da artista tem o nome popular de Barbas de Velho, devido aos seus ramos que crescem durante anos, ou, ainda, outra obra que é apelidada de Trombeta-de-fada.."Quero chamar a atenção para o mundo dos líquenes e, assim, acabo por contaminar um certo público à minha volta. Para mim, é enriquecedor perceber que as pessoas, depois acabam por reconhecer os líquenes", explicou a artista..A artista vai buscar inspiração para os seus novos trabalhos na natureza. Esta paixão começou, quando pintou um cogumelo que encontrou, deixando-a fascinada. E acrescenta: "Tem umas variedades de formas! Vou aprendendo com o mundo da botânica e este é uma fonte de inspiração paraas minhas pinturas"..As obras de Sofia Arez já foram expostas em vários países da Europa e da Ásia. Para além da pintura, faz também escultura, desenho, fotografia e vídeo..No seu percurso, ilustrou o livro de Sophia de Mello Breyner A Floresta - também de alguma forma relacionada com a natureza. Chegou a dar aulas de pintura. Apesar de a arte ter vindo primeiro para a vida da artista, a ligação com a ciência esteve sempre presente devido à sua família. "Sou de uma família ligada às artes, mas também à ciência. Por isso, é que sempre pintei com um objetivo.".mariana.goncalves@dn.pt