Suu Kyi propõe confidente para a presidência da Birmânia
O partido de Aung San Suu Kyi anunciou ontem como candidato para a presidência da Birmânia um amigo de longa data e académico U Htin Kyaw. O nome deste professor universitário foi proposto por um deputado da Liga Nacional para a Democracia (LND) durante uma sessão do parlamento birmanês que decorreu na capital do país, Naypyidaw.
Htin Kyaw, de 69 anos, é amigo de infância de Suu Kyi e chegou a ser seu motorista no passado, ajudando-a ainda a gerir uma fundação de caridade.
O candidato da LND é filho de um famoso escritor birmanês e tem formação na área económica. Htin Kyaw não tem aparecido em público nos últimos tempos e não fez qualquer declaração após o anúncio do seu nome, que surgiu depois de meses de especulação.
Com maioria nas duas câmaras do Parlamento, onde um quarto dos deputados são militares não eleitos, a LND está certa da eleição do seu candidato, que deve substituir o atual presidente, Thein Sein, no início do próximo mês.
[artigo:4883053]
Htin Kyaw é um dos três candidatos que podem ser apresentados à eleição, tendo sido proposto pela câmara baixa do Parlamento. Um outro candidato é proposto pela câmara alta do Parlamento e um terceiro é apresentado pelas forças armadas, de acordo com o estabelecido na Constituição aprovada em 2008 ainda no quadro do regime da junta militar.
A apresentação de Htin Kyaw resulta do facto de a Nobel da Paz de 1991, que a junta militar manteve sob detenção, de forma intermitente, durante mais de 15 anos, estar impedida de se candidatar à presidência da Birmânia por força de uma disposição constitucional que interdita o exercício da presidência a pessoas casadas com estrangeiros ou com filhos destes matrimónios. Uma disposição que se considera feita à medida de Suu Kyi, que é viúva de um britânico e com filhos de nacionalidade britânica.
[artigo:4874676]
Apesar de a candidatura à presidência ser impossível, Suu Kyi, de 70 anos, disse estar pronta a dirigir o próximo Governo, depois de o seu partido ter conquistado a maioria no parlamento naquelas que foram as primeiras eleições livres em mais de 25 anos.