Suspeita de homicídio em Caxias com doença mental grave e delírio
"Entrou em estado de delírio e quando saiu ainda estava delirante". A mulher suspeita de homicídio das duas filhas na praia de Caxias teve um breve passagem pelo Hospital de Santa Maria, onde entrou pela urgência. Ao que o DN apurou, a equipa que a observou confirmou a existência de uma perturbação mental grave, mas não foi identificada uma patologia específica. Quanto às acusações de abuso sexual das duas menores pela parte do pai, a equipa considerou-as pouco consistentes e eventualmente associadas a um quadro de delírio.
Sónia Lima terá sido encaminhada para o Hospital de São Francisco Xavier na segunda-feira, depois de as duas crianças terem caído ao mar na praia de Caxias. Posteriormente, foi transferida para o Hospital de Santa Maria, onde ficou internada.
Fontes da unidade confirmam que entrou na urgência e ficou no Serviço de Observação com uma perturbação mental grave. "Uma mulher que faz isto às duas crianças está notoriamente doente". A perturbação em causa não foi identificada até data da alta, na quarta-feira. "Não havia nada registado em relação à existência de uma eventual perturbação. Penso que a mulher teria tentado procurar apoio no médico de família. Mas nunca teve apoio especializado", neste caso apoio da especialidade de psiquiatria.
Durante todo o internamento, Sónia Lima pareceu sempre "muito doente", como se estivesse "em fase aguda da doença", até à alta, quando foi detida pelas autoridades. "Perante a situação de gravidade em que estava, teve de continuar a ser acompanhada numa unidade com serviço de psiquiatria". Neste caso, o Hospital-prisão de Caxias, onde ficou em prisão preventiva. "Quando saiu ainda não estava estabilizada".
Queixas de abuso pouco credíveis
Sobre a morte das duas filhas, a mulher de 37 anos não quis falar, mostrando-se muito angustiada. Em relação às acusações de violência doméstica e de abuso sexual das menores, a equipa terá muitas dúvidas. Uma das fontes contactadas pelo DN refere que "em relação à violência doméstica, terão de ser as autoridades a apurar a verdade dos factos. "Não podemos confirmar se eram parte do delírio, mas as acusações que envolvem o pai da criança numa situação de abuso são pouco credíveis. Ela terá essa convicção e diz que pediu ajuda". Terá ainda dito que sempre que falava nisso a família não acreditava. Mesmo quando a levaram ao centro de saúde - no período que decorreu entre a separação do casal - acusou a família e o médico de estarem em conluio por não acreditarem nela.
A Comissão de Proteção de Crianças e Jovens da Amadora refere que o caso foi remetido com urgência para o Ministério Público "na sequências das duas sinalizações rececionadas a 20 e 24 de novembro de 2015, por parte do Hospital Fernando da Fonseca e da PSP", para "instauração de processos de promoção e proteção judicial", explica a Comissão em comunicado.
A entidade frisa que em causa "estava uma situação de alegada prática de crime contra a liberdade ou autodeterminação sexual das crianças por parte do pai". O casal foi informado sobre a existência de processo de promoção e proteção judicial e que "qualquer informação adicional devia ser apresentada em tribunal".