Suicida-se o suspeito das cartas com antraz
Estados Unidos. Bruce Ivins, o cientista que apavorou americanos
Caso provocou um pânico nas semanas após o 11 de Setembro de 2001
O FBI tinha fechado o cerco, os procuradores iam avançar com a acusação e pedir pena de morte, mas Bruce Ivins terá escolhido o suicídio. Apesar de ser um microbiologista de reputação internacional, era suspeito de ter enviado esporos de antraz pelo correio, no pior ataque biológico jamais registado. Pressionado pela polícia, ingeriu forte dose de um medicamento, misturado com codeína, e morreu na terça-feira num hospital de Maryland.
Este foi o aparente desfecho de um dos dramas mais estranhos da História recente da América. Os ataques mortais com antraz foram lançados em 2001 e coincidiram com o pânico em torno do 11 de Setembro, causando forte alarme. Não parecia haver padrão no endereço das cartas, mas o criminoso privilegiara alvos políticos, como membros do congresso. Ao todo, morreram cinco pessoas e 20 ficaram feridas. A maioria das vítimas trabalhava nos serviços postais.
Os ataques da Al-Qaeda tinham ocorrido pouco antes, mas as pistas do caso do antraz indicavam um autor no interior dos EUA, com acesso a alta tecnologia e conhecimentos de guerra biológica. No entanto, a polícia não conseguiu produzir uma acusação e o nome de Ivins nunca surgiu na qualidade de suspeito.
O advogado do cientista explicou ontem que "durante seis anos o doutor Bruce Ivins colaborou no inquérito e ajudou o governo" na sua investigação do caso. No entanto, foi exercida sobre o cientista uma pressão incessante", incluindo "insinuações". Segundo o advogado, a morte retira a Ivins a "possibilidade de defender o seu nome e reputação num tribunal".
O suspeito trabalhava no sector das armas biológicas, no laboratório de biodefesa de Fort Detrick, em Maryland, tendo sido afastado de áreas sensíveis do trabalho. Os seus amigos dizem que andava deprimido e falava em suicídio, sobretudo após ter sido resolvido o litígio em torno do ex-suspeito Steven Hatfill, que processou o governo após o FBI ter revelado erradamente o seu alegado envolvimento no caso.
O FBI recusou comentar a morte do cientista. E, no caso do antraz, fica por responder a primeira questão dos detectives: qual era a motivação do crime?