Stoltenberg sobre Médio Oriente: "Espero que seja possível prolongar ainda mais esta pausa"
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg reconheceu esta terça-feira que existe "preocupação" entre os ministros dos Negócios Estrangeiros da Aliança Atlântica face à situação no Médio Oriente. Mas, num momento em que a Israel e o Hamas fazem uma "pausa" nos confrontos, Stoltenberg espera por uma nova extensão do período de acalmia.
"Congratulo-me com o prolongamento da pausa nas hostilidades entre Israel e o Hamas. Isso permitiu um alívio muito necessário para a população de Gaza, a libertação de mais reféns e o fornecimento de mais ajuda humanitária", afirmou Stoltenberg.
"Espero que seja possível prolongar ainda mais esta pausa", enfatizou o secretário-geral da Aliança Atlântica, reconhecendo que "os Ministros [dos Negócios Estrangeiros] manifestaram também a sua preocupação com a guerra no Médio Oriente".
Antes da reunião, em declarações aos correspondentes portugueses em Bruxelas, o ministro João Gomes Cravinho revelou que há ainda "seis cidadãos de nacionalidade portuguesa" como reféns do Hamas na Faixa de Gaza, estando o governo em contacto com as entidades no terreno, "para que sejam libertados".
"Já assinalámos isso para a Cruz Vermelha, [e] às entidades também, tanto de Israel como do Egito, o Qatar também tem conhecimento, estamos a trabalhar para que sejam libertados eles e todos os outros", avançou o ministro, esperando que a retirada destes seis portugueses de Gaza seja bem sucedida.
Gomes Cravinho também frisou a ideia de que será necessária a extensão da pausa nas hostilidades, lembrando que essa é também a expectativa patente entre "todos os Estados-Membros da União Europeia", isto é, "a de que esta situação, atualmente temporária, que nós chamamos de cessar-fogo, - outros preferem outros termos como trégua - que seja prolongada".
"Julgo que, mais importante do que nos perdermos em debates semânticos é, precisamente, criar condições para que não haja mais bombardeamentos, não haja mais hostilidades e haja um processo de diálogo", salientou o ministro, que falava à margem da reunião na sede da NATO, em Bruxelas.
Num encontro que servia para recentrar as atenções da NATO no apoio à Ucrânia, Jens Stoltenberg destacou as iniciativas de ajuda de diferentes aliados, considerando que "nos últimos dias, assistimos a novos anúncios importantes".
"A Alemanha prometeu 8 mil milhões de euros para o próximo ano e os Países Baixos prometeram mais de 2 mil milhões de euros; a Roménia abriu um centro de treino de F 16 para pilotos ucranianos", exemplificou, acrescentando que "os aliados, incluindo os Estados Unidos e a Finlândia estão a enviar mais defesa aérea e munições, e 20 aliados criaram uma coligação de defesa aérea para a Ucrânia".
"Tudo isto ajuda a salvar vidas ucranianas e envia uma mensagem à Rússia de que o nosso apoio não vai vacilar", enfatizou Jens Stoltenberg.
Os ministros debateram também aquilo que o secretário-geral da NATO define como "desafios globais" da aliança. "A NATO continuará a ser uma aliança regional da Europa e da América do Norte, mas os desafios que enfrentamos são globais", destacou Stoltenberg, convicto de que a NATO "precisa de trabalhar mais estreitamente com os parceiros, incluindo na região do Indo-Pacífico, para defender os seus valores e os seus próprios interesses".
A China esteve em destaque neste tópico da agenda. "A China não é um adversário, e congratulo-me com esse facto. Os aliados estão a dialogar com Pequim sobre questões de interesse mútuo. Mas, ao mesmo tempo, temos de ter uma visão clara do impacto das políticas coercivas da China na nossa segurança", sublinhou o secretário-geral da NATO.