Stallone de volta no 'Rambo' mais violento de sempre
Com Rocky Balboa (2006), Sylvester Stallone viu o regresso de um dos mais célebres heróis por si interpretados ser recebido com algum sucesso, apesar das dúvidas que rodearam o período anterior à estreia do filme. Contudo, não foi o retorno às glórias do famoso pugilista que motivou o reencontro de Stallone com as aventuras de Rambo, o herói militar da década de 80 feito ícone do cinema e da televisão.
Na verdade, John Rambo, o novo capítulo da saga, esteve para ser rodado antes de Rocky Balboa, que acabou por avançar primeiro depois da aprovação dos estúdios MGM. Estreia-se hoje, em Portugal, o quarto filme da série e o primeiro com realização de Sylvester Stallone, que também produz e protagoniza.
A primeira proposta para o regresso de Rambo surgiu em 1996, oito anos depois de Rambo III. O desafio partiu do produtor Harvey Weinstein. Em entrevista à IGN (www.ign.com), Stallone confessa que o empresário imaginara um Rambo em defesa de Camp David (residência de férias do Presidente dos EUA). "Mas Rambo é uma personagem que se move pela natureza, meio índio, meio animal", respondeu Stallone, deixando adormecer o projecto.
Dez anos depois, duas descobertas despertaram novo argumento. Por um lado, a existência de grupos de missionários que levam auxílio às vítimas de conflitos militares. Por outro, a tragédia humana e os conflitos que se passeiam por Myanmar, país que Stallone descreveu como "o pior local na Terra". John Rambo é o encontro entre as duas realidades, naquele que é o mais violento capítulo da série, com 236 mortos em cena (2,5 vítimas por minuto).
Em John Rambo, é-nos apresentado um herói em retiro na Tailândia (seguindo o enredo de Rambo III), desiludido com o mundo e com a sua própria condição de antigo militar solitário e amargurado. É um grupo de missionários a caminho de Myanmar que leva Rambo de regresso a cenários exóticos e ao combate contra regimes autoritários. Sylvester Stallone é, de novo, o único homem capaz de salvar a minoria étnica karen da extinção. E é também aquele que o pode fazer sozinho, recorrendo à guerrilha solitária e à violência slienciosa mas constante: dos massacres de exércitos sobre aldeias pejadas de mulheres e crianças até às capacidades pouco habituais de Rambo como assassino profissional, sempre por uma boa causa. Mas Stallone descreve tal violência como "espelho necessário de um mundo em que o respeito humano é constantemente violado".
Estreado nos EUA a 25 de Janeiro, a recepção da crítica americana acabou por não corresponder ao esperado por Stallone. No entanto, o resultado nas bilheteiras nos primeiros dias de projecção continua a alimentar a ideia de não colocar um ponto final nas desventuras de John Rambo. O próprio Sylvester Stallone já o confirmou: "Rambo não é um atleta, como Rocky. Não há nenhuma razão que possa impedir uma nova aventura."|