Eduardo Cabrita acusou o Sporting de ter recusado colaborar com a Inspeção-Geral da Administração Interna nas investigações que resultaram no inquérito efetuado ao que aconteceu de errado na noite de 11 de maio após o clube de Alvalade se ter sagrado campeão nacional..De acordo com o governante ficou provado que não terão sido cumpridas as ordens da Direção Nacional da PSP sobre como deveria ser efetuada a fiscalização e o controle de pessoas a partir das 14.00 desse dias.."A responsabilidade da manifestação são do Sporting e a PSP não pode obrigar a que sejam cumpridas as suas indicações. Depois há o dever de colaboração. Era importante que o Sporting e a Sporting SAD tivessem respondido aos pedidos da IGAI, quanto ao direito de manifestação foram três cidadãos supostamente relacionados com uma claque", explicou o ministro.."Recairia já sobre o Sporting esta obrigação" enquanto instituição de utilidade pública, estatuto que determina uma "obrigação especial de cooperação", referiu o ministro, ao adiantar que o relatório será enviado ao Ministro da Educação, que tutela da área do Desporto..A IGAI vai agora analisar como foi possível que milhares de adeptos se tivessem reunido junto ao Estádio José Alvalade..Eduardo Cabrita referiu ainda que a manifestação de adeptos junto ao recinto não está englobada no quadro de ajuntamentos permitidos por lei - religiosa ou política. E o que aconteceu em maio foi um uso "abusivo" desse direito..A IGAI vai agora fazer um parecer sobre os limites legais e as entidades competentes relativamente à realização de manifestação que não sejam conotadas com o direito à manifestação..Adiantou ainda que vai propor uma mudança ao Decreto Lei 406/74 - o direito à manifestação..Na conferência de imprensa para apresentação das conclusões do inquérito a Inspetora-Geral, juíza desembargadora Anabela Cabral Ferreira, elencou o conjunto de diligências que foram efetuadas, a que entidades foram pedidos documentos e voltou a frisar que o "Sporting Clube de Portugal e a Sporting SAD não responderam"..Da análise dos documentos a IGAI fez as seguintes propostas. "Instaurar um processo disciplinar a um agente da PSP na sequência de uma ação da qual resultou um ferido e foram apresentadas duas queixas crimes decorrentes de ações policiais - a nossa proposta é que seja instaurado um inquérito", disse Anabela Cabral Ferreira.."Globalmente não há razões para instaurar processos de natureza disciplinar além dos referidos", sublinhou a juíza desembargadora..Despacho de Eduardo Cabrita determina também que seja aberto inquérito para se determinar melhor o que se passou junto ao estádio do Sporting..Na segunda-feira, o Ministério da Administração Interna (MAI) recebeu o relatório da Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) sobre a atuação da PSP nos festejos do Sporting como campeão nacional de futebol..O inquérito da IGAI, que tem como missão assegurar as funções de auditoria, inspeção e fiscalização de todas as entidades, serviços e organismos tutelados pelo MAI, visou a atuação da Polícia de Segurança Pública nos festejos..O Sporting sagrou-se a 11 de maio campeão português de futebol pela 19.ª vez, 19 anos após a última conquista, e durante os festejos ocorreram confrontos entre os adeptos e a polícia..Milhares de pessoas concentram-se junto ao estádio e em algumas ruas de Lisboa, quebrando as regras da situação de calamidade devido à pandemia de covid-19, em que não são permitidas mais de 10 pessoas na via pública, nem o consumo de bebidas alcoólicas na rua..A maioria dos adeptos não cumpriu também com as regras de saúde pública ao não respeitar o distanciamento social, nem o uso obrigatório de máscara..Na altura, a PSP referiu, em comunicado, que os festejos dos adeptos do Sporting em alguns locais de Lisboa resultaram em "alterações relevantes da ordem pública" e que foi necessário reforçar o dispositivo policial para "restabelecer a ordem e tranquilidades públicas" e "conter as desordens", que consistiram "no arremesso, na direção dos polícias, de diversos objetos perigosos, incluindo garrafas de vidro, pedras e artefactos pirotécnicos, que também atingiram outros cidadãos"..A PSP alegou ter usado a força pública, incluindo o disparo de balas de borracha, para fazer face aos comportamentos "desordeiros e hostis por parte de alguns adeptos"..A PSP deteve três pessoas, identificou outras 30 e apreendeu 63 engenhos pirotécnicos..em atualização