Sporting arranca ainda à espera de reforços e a tentar manter peças-chave do plantel

Leões dão hoje início à pré-temporada. Delfim diz que o clube terá de construir uma equipa "forte" para se bater com os rivais. E Dias Ferreira lamenta que se dê prioridade "a vender jogadores e não a ganhar títulos".
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O Sporting regressa hoje ao trabalho em Alcochete, para começar a preparar a época 2023/2024. Depois de uma temporada em que os leões não alcançaram qualquer troféu e falharam a qualificação para a Liga dos Campeões, em virtude do 4.º lugar no campeonato, o plantel está ainda longe de estar fechado e, de resto, ainda não são conhecidos reforços.

Com a contratação do ponta de lança sueco Viktor Gyökeres bem encaminhada, um ala direito e um médio defensivo estão também na lista de pedidos de Rúben Amorim, que entra na sua quinta temporada no clube (na primeira só esteve três meses, depois de ter chegado em março de 2020 do Sp. Braga).

Ao DN, Delfim, antigo jogador do Sporting, clube pelo qual foi campeão nacional em 1999/2000, alerta que esta temporada é de crucial importância, em virtude da redução no número de equipas portuguesas que vão aceder à Liga dos Campeões em 2024/2025. "Só o campeão nacional terá entrada direta e o segundo classificado apura-se para as pré-eliminatórias. Isso vai aumentar ainda mais a dureza da competição para as principais equipas, e, claro, o Sporting terá de construir um plantel o mais forte possível para se conseguir bater com os rivais", disse.

Já Dias Ferreira, antigo dirigente e candidato à presidência, prefere não dar grande importância às movimentações no plantel. "Acho redutor reduzir as discussões sobre o momento do Sporting aos jogadores que podem entrar e sair. Estou mais preocupado com o projeto de sustentabilidade do clube e custa-me muito ouvir dizer que não temos dinheiro, pois é preciso cobrir as despesas correntes. Gostava que alguém viesse a público dizer se isto é verdade", reclamou.

Delfim reconhece como natural a apreensão dos adeptos do Sporting, que ainda não viram confirmado qualquer reforço, enquanto o Benfica investe em força. "Ao verem o campeão e rival reforçar-se em quantidade e qualidade, é normal que os adeptos antevejam mais uma época difícil", atirou, embora confesse que está de acordo com a cautela da direção. "Não concordo com os que questionam para onde foi o dinheiro da venda de jogadores que o Sporting fez nos últimos anos, como se essa verba tivesse de ser direcionada para o reforço do plantel. Grande parte desse valor terá de ser para cobrir o passivo... O FC Porto fez centenas de milhões de euros em vendas nos últimos anos e a verdade é que a sua gestão é do mais caótico que existe e são públicas as dificuldades em cumprir o fair-play financeiro da UEFA. Saúdo a direção do Sporting pelo equilíbrio financeiro e por tentar gerir o clube de forma sustentável", apontou.

Dias Ferreira também olha para o rival da Segunda Circular quando afirma que "os orçamentos não ganham campeonatos, mas ajudam", lançando uma farpa ao presidente, Frederico Varandas: "Não concebo que num clube como o Sporting a prioridade seja vender jogadores e não ganhar títulos."

Delfim considera absolutamente essencial o reforço de duas posições. "É preciso um grande ponta de lança, que faça golos, e ainda um médio que cubra as saídas de João Palhinha, há um ano, e esta última do Ugarte. No primeiro caso, confesso que não conheço o jogador sueco [Gyökeres], mas confio na avaliação do treinador. No segundo também existem respostas internas, como o Essugo, e que acredito possa ser uma solução, mas acho que é preciso alguém de fora, um todo-o-terreno que tenha a mesma energia dos dois jogadores que saíram."

E aponta ainda a Daniel Bragança. "Daquilo que lhe vimos fazer antes de se lesionar [esteve ausente toda a época passada] e de acordo com as palavras do treinador, segundo as quais vai ser o grande reforço para esta temporada, acredito que pode ser uma peça importante, desde que consiga apresentar-se em boas condições físicas", realçou.

Tem havido uma unanimidade dos adeptos no apoio a Rúben Amorim. Mas será que essa relação estará à prova nesta nova época, depois da deceção que constituiu 2022/2023? Dias Ferreira defende que "a má temporada passada não foi culpa de Rúben Amorim" e critica a venda de jovens jogadores, na sua opinião de forma precoce. "Fala-se muito em aposta na formação, mas, mal os jogadores começam a destacar-se na equipa principal, são vendidos, e assim não é possível construir equipas", informou.

Delfim continua a ser um apoiante do treinador. "Claro que ele também tem de ser criticado pelo que ocorreu na temporada transata, mas esteve longe de ser o principal responsável e não há trabalho de um treinador que resista quando lhe são retirados jogadores importantes no início da época sem serem compensados." E acrescentou: "A maioria das derrotas sucedeu por erros individuais dos atletas e, por outro lado, vimos que a equipa produziu muito jogo ofensivo, tendo-lhe faltado ser mais eficaz. O Sporting terminou a época a jogar bom futebol, a somar vitórias e a eliminação na Liga Europa com a Juventus foi muito inglória, porque o Sporting em nada foi inferior." O antigo jogador sustenta ainda que "parece existir um ambiente são e tranquilo entre a estrutura diretiva e a equipa técnica, e se todos continuarem a remar para o mesmo lado a equipa de futebol estará mais perto de ter sucesso".

E há algo em que Delfim e Dias Ferreira estão em sintonia: é absolutamente proibido que saia mais alguém de entre os habituais titulares. De resto, Amorim há muito fez saber que, depois da saída de Ugarte, considera Gonçalo Inácio, Pedro Gonçalves e Marcus Edwards fundamentais.

dnot@dn.pt

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