Vila Verde no "Guiness" Nota alta para 645 concertinistas

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Impressionante esta segunda concentração nacional de concertinistas, em Vila Verde, distrito de Braga. Durante 31 minutos, todos juntos, em simultâneo, interpretaram o vira "A Rosinha". O virtuosismo dos 645 tocadores maravilhou a multidão, fez vibrar locais e milhares de forasteiros, apinhados no recinto. Na apoteose, aplausos, uma chuva de aplausos, vinho verde e...Vila Verde inscrito no "Guiness Book".

Foi a nota alta, a consagração da Festa das Colheitas. Se o artesanato, a agricultura e a gastronomia já consolavam o povo, o clímax aconteceu com os acordes dos intérpretes, novos e velhos, de pé, dignos, orgulhosos, dispostos consoante tocassem em Sol, Fá, Lá, Sustenido.

Deslumbrante manifestação etnográfica. A tradição irrompendo dos instrumentos tom de sangue, mais berrantes, outros. Em exibição as marcas Dino Baffetti, Gabbanelli, Honer, Paolo Sopranini. Também uma homenagem sentida, melhor, sonora, a nomes grandes do folclore minhoto o Peta, tocador e fantástico quanto temido nas desgarradas, o Cunha, de Vila Verde, o Armando Marinho e a Maria Celeste, de Ponte da Barca.

O entusiasmo, a alegria das concertinas renasce, dizem. Cantares ao desafio no terreiro da festa-romaria, em casórios e baptizados. Basta, até, o farnelar durante a excursão. Apesar da concertina custar, em média, 1500 euros, a afeição conhece duas escolas em Vila Verde. Isso mesmo contou Mara Mourão, 22 anos. "Fui aluna do meu pai que aprendeu a tocar com o meu avô. Agora, dou aulas. As inscrições não páram de subir."

Pouco depois, Mara Mourão, junto ao pai e ao presidente da Câmara de Vila Verde, o trio no palco, davam sinal de começo ao vira "A Rosinha", aguentando o frenético ritmo até ao final. Em causa, a conquista de novo recorde do "Guiness Book". Na edição anterior, estiveram ali 560 tocadores durante 27 minutos. Desta vez, contaram-se 645 "diplomas de presença", e actuaram durante 31 minutos.

Finda a concentração, não faltou quem rasgasse modinhas do seu gosto. Cana Verde, Chula, Vira e, claro, o Malhão. De tudo se escutava entre os 130 expositores de artesanato, alfaias agrícolas e de comeres e beberes. Até porque nas paredes estomacais já repousavam o "caurdo", nome popular da sopa minhota, o mel, a marmelada, o arroz pica-no-chão, que o frango felizmente não dá mostras de gripe.

Depois, concertinistas, familiares, amigos e desconhecidos animaram o arraial, vincaram a sua ruralidade, puxaram pela alma celta com cantorias e música, muita música. Na peugada, boroa, presunto, malgas de vinho verde tinto, a espumejar. Pela debandada, os engarrafamentos.

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