Sonnabend. O supra-sumo da pop art chega a Serralves
"É um luxo extraordinário a exposição The Sonnabend Collection: Meio século de arte europeia e americana. Part1 ser apresentada neste espaço projetado pelo arquiteto Siza Vieira". As palavras do comissário da mostra, António Homem, fluem com naturalidade, próprias de quem sabe bem do que fala, enquanto faz uma visita guiada, no Museu de Serralves, no Porto. Mostra um acervo de 61 pinturas, esculturas e instalações, da autoria de 44 artistas, entre eles Andy Warhol, dividido em cinco ambientes a que chama de "paisagens emocionais".
António Homem conduz a visita, como que se de uma narrativa se tratasse, por uma das mais importantes coleções de arte da segunda metade do século XX, construída por Ileana Sonnabend. E que, pela primeira vez, a maioria das obras está patente em Portugal e até 8 de maio, depois de uma pequena parte ter estado em Lisboa.
Enquanto aponta para uma das pinturas, António Homem explica que "é uma exposição autobiográfica, pois todos os trabalhos têm a ver com a nossa vida. E é também um autorretrato". Além de uma proposta de diálogo com a arquitetura de Siza Vieira, e um diálogo entre a Europa e os EUA, e com o próprio público que a visita. Realça depois o catálogo que "reflete e respeita a cronologia da exposição que está dividida em cinco ambientes" a que chama de "paisagens emocionais". Uma exposição que a diretora do Museu de Serralves, Suzanne Cotter, define como "conhecimento e experimentação".
O que é que a romena tem?
Os passos seguem depois pela primeira sala, com o primeiro dos cinco núcleos que é dedicado a Ileana Sonnabend. São apresentados os retratos de Ileana por Andy Warhol e de Michael Sonnabend por George Segal, como testemunhos simbólicos e literais da importância destas figuras tutelares. "Tem a ver com trabalhos de artistas americanos da arte pop". Refere Jasper Johns e Robert Rauschenberg, além de artistas que exploram novos materiais como Jim Dine "que foi a ponte entre a pintura e os objetos".
Aqui um parênteses para lembrar quem é esta mulher que dá nome a uma tão popular coleção. Nascida em Bucareste, na Roménia, em 1914, Ileana Sonnabend casou, em 1934 com Leo Castelli, vindo a abrir uma galeria de arte em Paris em 1939, ano do início da Segunda Guerra Mundial, que obrigou o casal a emigrar para Nova Iorque. Uma nova galeria viria a nascer naquela cidade Em 1959 Ileana casa-se com Michael Sonnabend, com quem abre uma galeria em Paris, em 1962, e outra em Nova Iorque, em 1970, partindo daí a constituição da coleção de arte contemporânea.
De sala em sala
Segue-se depois um segundo núcleo, dedicado à arte pop americana e ao nouveau réalisme francês, e que reúne obras representativas destes movimentos. António Homem vai apontando para as pinturas e esculturas. Christo, Roy Lichtenstein, Robert Rauschenberg, James Rosenquist, Mario Schifano, Andy Warhol. E outros. Pelo terceiro núcleo há obras de, por exemplo, Richard Serra. O comissário destaca Pier Paolo Calzolari - "as folhas do tabaco que representa a natureza".
Seguimos de sala em sala. Antes da peça de Barry Le Vao no chão, uma espécie de ponto final, o comissário realça "o desenho, feito a lápis de propósito para uma parede da sala feito segundo as instruções do autor americano Sol LeWitt". A única forma de o remover, é pintando a parede".