Sónia explodiu no pequeno ecrã como a cabocla Gabriela, nos anos 70, e quarenta anos depois continua a mostrar que não é só um corpo sensual. Ao talento cénico, a protagonista de O Beijo da Mulher Aranha (1985) junta um talento à prova de rugas a uma personalidade à prova de photoshop. Antes do desfile da marca de moda praia, disse ao caderno G1 do Globo que não gosta que façam muitos retoques às suas fotos digitais. «Quando me exponho como de facto sou, não me incomoda em nada. Mas me incomodam as distorções da minha realidade , como alguns veículos de comunicação me interpretam e filtram isso para o leitor», comentou..Um olhar totalmente invejoso ou já embotado por uma década de fotos «photoshopadas», das que deixam as modelos com cinturas mais finas do que as cabeças, esbarraria na perna curta e no joelho enrugado da actriz, mas isso são os cínicos, porque a plateia recebeu com agrado o desfile com o modelo preto apenas ornado por uma peça dourada que lhe destacava a cintura e os quadris sensuais, vibrou com o jeito de atirar para o lado o cabelo comprido e negro, e delirou com os passos de dança que Sónia ensaiou, enquanto nas colunas de som a música descrevia: «Uma tigresa de unhas negras e íris cor de mel, uma mulher uma beleza... que me aconteceu, esfregando a pele de ouro marrom, do seu corpo contra o meu, me ensinou que o mal é bom e o bem cruel...». .Na Folha de São Paulo, a mulher em quem o preto é tudo menos um «não me comprometo», deixou o conselho descomprometido às novas gerações: «Leiam livros, vejam filmes, discutam numa mesa de bar. Façam como nos anos 60, vivam!».