Somos um planeta só!

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A COP 23, sob a presidência das Fiji, terminou a 18 de novembro, em Bona (Alemanha). É, evidentemente, necessário reter esta mensagem de alerta, lançada por 15 mil cientistas do mundo inteiro, a chamar a atenção da comunidade internacional para a degradação contínua e irreversível do nosso meio ambiente. Os dramáticos acontecimentos climáticos, os pesados balanços mortais, intensificam-se e multiplicam-se: a França viveu-o nas Antilhas, há algumas semanas, com o furacão que devastou a ilha de São Martinho; Portugal foi cruelmente marcado, durante os últimos meses, por uma seca de dimensão sem precedentes e pelos trágicos incêndios que conhecemos.

Mas, da COP 23, é necessário reter também a mensagem dinâmica e orientada para a ação do presidente Emmanuel Macron. Em primeiro lugar, a França deseja que o GIEC (grupo de peritos intergovernamental sobre a evolução do clima) possa continuar a ser financiado, apesar da saída dos Estados Unidos, para que a questão do aquecimento global deixe de poder ser contestada cientificamente: "A França estará presente. Desejo que o máximo de Estados europeus possam, juntamente connosco, compensar a perda do financiamento americano."

A nível internacional, a França deseja mobilizar financiamentos a fim de avançar mais rapidamente para a execução dos compromissos tomados no âmbito do Acordo de Paris de dezembro de 2015 e para implementar projetos concretos em todas as áreas da luta contra o aquecimento global. A partir de agora, dois anos depois da assinatura do acordo, trata-se de avançar concretamente em relação às modalidades da sua execução e das transformações profundas das nossas economias por ele preconizadas. Assim, por iniciativa de Emmanuel Macron, a França co-organizará, com as Nações Unidas e o Banco Mundial, a One Planet Summit, que terá lugar em Paris, a 12 de dezembro próximo. Esta cimeira permitirá apresentar os anúncios e as ações, concretos e novos, que irão mobilizar todos os atores públicos e privados, especialmente a favor dos países e das populações mais vulneráveis.

Todos têm de se esforçar e o governo francês esforça-se por ser exemplar nesta matéria: com vista a acelerar a transição ecológica, foram tomadas decisões importantes, no âmbito de um Plano Clima exigente; estas decisões permitirão reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, com a saída programada das energias fósseis, a execução de um plano de ações para facilitar o desenvolvimento das energias renováveis ou, ainda, um programa para melhorar a eficiência energética dos edifícios.

Neste domínio, como acontece frequentemente, França e Portugal partilham o mesmo objetivo: os nossos dois países são signatários da Aliança para a Saída do Carvão: França fechará as suas centrais até 2022, Portugal até 2030, ou talvez antes; os nossos dois países partilham a mesma ambição no domínio das energias renováveis e muitos outros países europeus subscrevem igualmente esta ambição comum: devemos agir de forma concertada para os mobilizar e convencer os outros a avançarem. A prioridade é a redução das emissões de CO2 e devemos continuar a avançar no seio da União Europeia, com a fixação de um preço mínimo do CO2 na Europa, a integração de critérios ambientais na nossa política comercial e, obviamente, o desenvolvimento das energias renováveis, que pressupõe uma melhoria das interconexões entre os países membros e uma evolução tecnológica, em particular, em matéria de armazenamento.

Todos estes assuntos serão debatidos novamente no próximo dia 12 de dezembro, em Paris, porque, não tenhamos dúvidas, a luta contra as alterações climáticas é realmente um dos maiores combates do nosso tempo e faz-se, nomeadamente, na cena internacional.

Embaixador de França em Portugal

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