Sombra do medo numa sala escura

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Uma rapariga está a acampar mas não consegue dormir porque tem medo do escuro. Ou então, adormeceu e aquelas imagens são um pesadelo. Ou ainda, aquela tenda é um ecrã onde uma cantora lírica é projectada em todas as dimensões, para depois surgir em carne e osso e devorar uma sombra. Chama-se Matrioskae é uma personagem de dança contemporânea que Tiago Guedes coreografou para o público infantil, dos seis aos 1o anos. A partir de hoje (15.30) até ao próximo dia 11, na Sala de Ensaio do Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

A narrativa da dança está nos sonhos, bons e maus, do espectador. É um enigma que as crianças têm de codificar para chegar a uma história. "As crianças não são passivas, são capazes de questionar e gostam do mistério", defende Tiago Guedes. Na primeira coreografia que faz para crianças, o grande desafio do autor foi "salvaguardar o trabalho artístico e torná-lo acessível, sem os estereótipos do espectáculo infantil", esclarece.

Matrioska apresenta-se em camadas, como a boneca russa. É palco, ecrã, menina, casulo, sombra, animal, menino. Ansiedade e medo, através de dois bailarinos. A peça estreou-se pela primeira vez em Armentières (França), em Janeiro, sem assustar o público. O coreógrafo garante que os espectadores seguiram a dança em silêncio, "em estado de alerta para ver de onde vinha aquela sombra, e como é que a mão saía do ecrã". Afinal, quando atravessamos uma sala escura a primeira coisa que procuramos é o interruptor.

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