Soldado norte-americano admite morte de afegãos
O sargento Robert Bales enfrenta 16 acusações de homicídio, seis de tentativa de assassinato e sete de agressão no âmbito do massacre no sul do Afeganistão, em março do ano passado.
Dezassete das 22 vítimas eram mulheres e crianças e quase todas foram baleadas na cabeça.
O advogado do sargento, John Browne, foi citado pelo New York Times e outros órgãos de comunicação indicando que os procuradores concordaram com o acordo da confissão de culpa, o qual poderá ser realizado perante um juiz militar na próxima semana.
A advogada Emma Scanlan, que trabalha no processo com Browne, disse ao USA Today que Bales "vai entrar com uma confissão de culpa em relação às acusações" na próxima semana. "Ele está preparado para aceitar a responsabilidade pelo que fez", acrescentou a advogada.
"O pedido foi aceite pelo comando geral", disse. Uma audição foi marcada para a próxima quarta-feira na base de Lewis-McChord, no noroeste do estado norte-americano de Washington, onde Bales está detido.
"Bales deverá apresentar o pedido durante a audição", disse o porta-voz da base, Gary Dangerfield, numa declaração.
Se o acordo judicial for aceite, Bales poderá evitar a pena de morte no Afeganistão.
O militar, de 39 anos, alegadamente deixou a base onde cumpria serviço no distrito de Panjwayi da província de Kandahar, no sul, na noite de 11 de março de 2012, para cometer os assassinatos, incluindo de nove crianças, tendo alegadamente incendiado vários corpos.
Numa audiência pré-julgamento, em novembro, a família de Bales insistiu que ele era inocente até prova em contrário, descrevendo-o como "corajoso e honrado", enquanto o seu advogado levantou questões sobre o papel do álcool, drogas e stress na tragédia.
Mas a acusação classificou o suposto massacre como "odioso e desprezível", durante uma audiência de oito dias, cujos detalhes foram dados na base militar a sul de Seattle, alegando que Bales deixou a base por duas vezes para realizar os assassinatos, e que terá dito a um colega o que tinha feito.
A audiência incluiu três sessões à noite - dia no Afeganistão - para ouvir o depoimento por videoconferência de vítimas afegãs e familiares dos que morreram.
Num comunicado lido pela irmã do soldado Stephanie Tandberg após a audiência do ano passado, a família disse que ainda era preciso saber o como e o porquê do incidente.
"Na América, a inocência é sempre presumida no processo, a menos que um tribunal prove o contrário. Não houve julgamento ainda, e o membro da nossa família é presumido por lei, e por nós, como sendo inocente".