Sofrer de gota pode ajudar a prevenir Alzheimer

Não é o único caso em que ter uma doença parece prevenir que se tenha outra: pessoas que sofrem de Alzheimer têm menor probabilidade de ter cancro.
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Um estudo realizado por cientistas norte-americanos demonstrou que as pessoas que sofrem de gota têm menor probabilidade de vir a ter Alzheimer. O jornal espanhol El País relembra outros casos de doenças que parecem proteger de outras doenças: pessoas com Alzheimer, por exemplo, têm menor probabilidade de ter cancro.

O estudo científico publicado na revista científica British Medical Journal mostra que as pessoas que sofrem de gota, quer estejam ou não a receber tratamento para a doença, têm 24% menor probabilidade de vir a ter Alzheimer do que a população geral.

Os cientistas responsáveis acreditam que a proteção contra o Alzheimer se deva ao ácido úrico, uma substância que os doentes de gota têm em excesso no seu sistema, e que poderá ter algum efeito protetor no cérebro.

Quando a presença de uma doença diminui a probabilidade do surgimento de outra trata-se de comorbidade inversa, e este não é caso único. Conforme lembra o El Paísna sua reportagem, já vários estudos mostraram uma relação do género entre Alzheimer e cancro: as pessoas que sofrem da doença neurodegenerativa Alzheimer têm menor probabilidade de ter tumores. Num estudo espanhol, a diferença chegava mesmo aos 42%.

Embora a relação entre Alzheimer e cancro seja menos compreendida, os cientistas já têm hipóteses acerca das revelações deste novo estudo. O ácido úrico, que, por estar presente em quantidades excessivas no sistema das pessoas que sofrem de gota, causa a acumulação de cristais nas articulações que caracterizam esta forma de artrite, poderá ter um efeito positivo no cérebro.

"É um dilema, porque se pensa que o ácido úrico é mau, é associado com doenças cardiovasculares", disse ao New York Times um dos responsáveis pelo estudo, Hyon K. Choi, da Universidade de Harvard. "É a primeira vez que os dados sugerem que o ácido úrico não será assim tão mau. Talvez tenha algum benefício".

O estudo conclui que é possível que o ácido úrico possa ser usado como um protetor cerebral, para ajudar a prevenir doenças neurodegenerativas como é o caso do Alzheimer.

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