Sofre de distúrbio de consumo de cafeína? Conheça os sintomas... e o tratamento

O problema começou recentemente a ser levado a sério. "É uma droga socialmente aceitável", diz investigadora
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Quando acorda de manhã, está maldisposto antes de beber o primeiro café? Já tentou reduzir o número de cafés que bebe por dia, sem sucesso? Sente-se nervoso ou enjoado por beber demasiados cafés, mas não consegue parar? Pode sofrer de um distúrbio que só recentemente começa a ser levado a sério.

A investigadora Laura Juliano, da American University, tem dedicado os últimos anos a investigar o caffeine use disorder, ou distúrbio de consumo de cafeína, e acaba de publicar um estudo na revista científica Journal of Consulting and Clinical Psychology, juntamente com investigadores da universidade Johns Hopkins, em que revela um método de tratamento para a potencial doença mental.

Sintomas

Os sintomas do distúrbio não se prendem apenas com um consumo em excesso de cafeína, mas também com uma dificuldade em reduzir o consumo mesmo quando este tem consequências diretas na saúde, como ansiedade, dores de estômago, problemas cardíacos ou dificuldades a dormir.

Outro sintoma que pode indiciar o distúrbio de consumo de cafeína é a dependência física da substância, evidenciada pela "ressaca" que se pode sentir se se reduzir ou parar o consumo de cafeína.

No entanto, o distúrbio ainda não é oficialmente considerado uma doença mental. De acordo com o manual de diagnóstico da Associação Americana de Psiquiatria, o DSM-5, é preciso aprofundar o estudo do distúrbio antes que este possa ser incluído na lista de doenças mentais.

Tratamento

A nova investigação da American University e da Universidade Johns Hopkins revela um tratamento baseado em terapia cognitiva e comportamental para ajudar as pessoas que sofrem deste distúrbio a reduzir ou parar o seu consumo de cafeína. O tratamento envolve uma hora de terapia com um profissional treinado para tal, e um livro com instruções para levar para casa, e mostrou bons resultados.

O estudo envolveu 67 pessoas que foram diagnosticadas com o distúrbio pelos investigadores, e que disseram já ter tentado reduzir o seu consumo de cafeína sem sucesso. Essas pessoas receberam a terapia e, em média, reduziram em 77 por cento o seu consumo de cafeína, redução que foi confirmada através de amostras da saliva dos participantes.

O regime para reduzir o consumo estende-se ao longo de cinco semanas, para diminuir o impacto da dependência física, e a substituição por bebidas sem cafeína. A terapia inclui ainda dicas para alterar hábitos de alimentação e de exercício físico.

"Estes resultados, que vêm de um dos maiores estudos clínicos controlados de modificação de consumo de cafeína conduzido até hoje, mostram que uma breve terapia com base num manual, com estratégias cognitivas e comportamentais e uma redução gradual da cafeína, pode ajudar os indivíduos que querem tratar o seu consumo problemático de cafeína", disse Juliano, a principal autora do estudo.

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"Droga socialmente aceitável"

Laura Juliano alerta, citada num comunicado da American University, para o perigo de que a dependência da cafeína não seja levada a sério por se tratar de uma droga quase ubíqua, presente em café, chá, bebidas energéticas, refrigerantes, chocolate e mesmo alguns medicamentos.

"Os efeitos negativos da cafeína muitas vezes não são reconhecidos como tal por ser uma droga socialmente aceitável que está integrada nos nossos costumes e rotinas", disse Juliano. "E enquanto muitas pessoas podem consumir cafeína sem efeitos adversos, para alguns ela produz efeitos negativos.

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